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Liga critica transformação de arquibancadas em telhados e pede que Estado reveja decisão

Agora Laguna mostrou, na quarta-feira, 6, que o sambódromo começou a receber estruturas para colocação de telhado em suas arquibancadas, como parte de um processo desencadeado pelo governo estadual para utilização do espaço como centro administrativo.
Foto: Elvis Palma/Agora Laguna/Arquivo

A Liga Independente das Escolas de Samba de Laguna (Liesla) se manifestou pela primeira vez a respeito da decisão de cobrir as arquibancadas e iniciar um processo de transformação do Sambódromo Hindemburg Moreira em um centro administrativo. O protesto com o posicionamento da entidade foi divulgado através de uma nota de repúdio. A Lielsa disse ter recebido “com grande pesar” a informação das modificações no prédio.

Agora Laguna mostrou, na quarta-feira, 6, que o sambódromo começou a receber estruturas para colocação de telhado em suas arquibancadas, como parte de um processo desencadeado pelo governo estadual para utilização do espaço como centro administrativo. A medida visa evitar infiltração nas salas de aula existentes na edificação e impedir a degradação do prédio. O local é usado atualmente como sede para a Coordenadoria Regional de Educação (CRE), que havia cogitado a mudança para o Magalhães, para o Centro de Educação de Jovens e Adultos (Ceja) e para a Associação Cultural, Social e Terapêutica da Região da Amurel (Acustra).

“É com grande pesar que testemunhamos mais um episódio que demonstra a falta de valorização e respeito pela tradição cultural de Laguna. […] A simples cobertura das arquibancadas, sem os devidos investimentos na infraestrutura do Sambódromo, não apenas compromete a qualidade do evento. Este tipo de medida é inadequada e insuficiente pra manter viva nossa tradição”, diz um trecho da nota.

O sambódromo como passarela para o desfile foi usado pela última vez em 2013, ano em que ocorreu a apresentação das escolas com competição entre elas – em 2016 e em 2013, o evento foi no Centro Histórico sem disputa. Inaugurado festivamente em fevereiro de 2007, o espaço é na verdade uma escola. Uma placa desgastada pelo tempo registra que houve ali a inauguração da Escola de Ensino Fundamental Hindemburg Moreira, uma homenagem ao pai do ex-governador Eduardo Moreira (MDB), que foi uma figura marcante na sociedade local como representante da pioneira Auto Viação Glória.

Segundo informações da época, a construção envolveu investimento de R$ 3,4 milhões com um área de 8,2 mil metros quadrados, dos quais 4 mil eram de área construída. As arquibancadas, agora telhados, tinham capacidade para oito mil pessoas e espaço para abrigar: biblioteca, refeitório, cozinhas, três laboratórios e duas quadras esportivas, com previsão de atender dois mil estudantes.

Leia a nota da Liesla

A Liga das Escolas de Samba de Laguna vem a público manifestar seu profundo repúdio ao descaso com a cultura lagunense, em especial ao Carnaval das Escolas de Samba, diante da decisão do Estado de Santa Catarina de cobrir as arquibancadas do Sambódromo, sem propor uma reforma adequada para manter o desfile das escolas de samba.

É com grande pesar que testemunhamos mais um episódio que demonstra a falta de valorização e respeito pela tradição cultural de Laguna. O Carnaval das Escolas de Samba é parte integrante da história e identidade desta comunidade, e sua preservação deve ser prioridade para todos os envolvidos. A simples cobertura das arquibancadas, sem os devidos investimentos na infraestrutura do Sambódromo, não apenas compromete a qualidade do evento. Este tipo de medida é inadequada e insuficiente para manter viva nossa tradição.

Exigimos que as autoridades estaduais revejam essa decisão e se comprometam com realização de uma reforma completa e adequada do Sambódromo, garantindo condições dignas para o desfile das escolas de samba e para todos aqueles que anseiam por celebrar nossa cultura. Instamos a sociedade lagunense a se unir a nós nesta luta pela preservação do Carnaval das Escolas de Samba de Laguna, uma celebração que transcende o entretenimento e se torna um legado cultural que merece ser honrado e preservado.

Foto: Luís Claudio Abreu/Agora Laguna