Gestor rebate afirmação de que diretores têm culpa por problemas em escolas estaduais de Laguna

Após o direito de resposta apresentado pelo diretor Joel dos Reis, do Comendador Rocha, a Câmara anunciou criação de comissão para analisar a situação e cobrar providências para as escolas estaduais de Laguna.

Um comentário do vereador Kleber Roberto Lopes (PSL) em uma sessão da Câmara de Vereadores de Laguna no início do mês, motivou um direito de resposta solicitado pela direção da escola Comendador Rocha e lido pelo gestor titular Joel dos Reis na tribuna, durante a sessão ordinária de terça-feira, 10. Reis rebateu a afirmação de que os diretores têm culpa pelos problemas estruturais das instituições de ensino de gestão estadual. Assista acima.

A fala de Lopes foi feita em resposta ao discurso de Rodrigo Bento (PL), que cobrou empenho da prefeitura em reivindicar junto ao Governo de Santa Catarina mais atenção para as escolas. A sugestão do edil ocorreu em referência aos problemas enfrentados pelas escolas Almirante Lamego e Comendador Rocha. Na primeira, a ausência de ligação dos banheiros novos com a rede de saneamento vem impedindo o oferecimento de aulas presenciais. Na outra, um ato reprovável de vandalismo destruiu a caixa d’água e espalhou lixo no pátio.

Membro da base do governo, o vereador jogou a responsabilidade para os diretores e associou o problema à eleição direta para gestores. “Não concordo [com a ideia]. Cada poder tem que estar em seu lugar. O prefeito Samir [Ahmad, PSL] já tem muito problema para resolver deixados na educação e na saúde. O Estado, há mais ou menos 20 anos, adotou eleição direta para diretores de escolas. O culpado da escola Ceal estar como está é do diretor; o culpado da escola Comendador Rocha, a melhor escola estadual da nossa região, é o diretor”, afirmou.

Em fala posterior, continuou: “[O problema das escolas estaduais] não pode ser jogado, como foi [para o prefeito]. Todos são responsáveis, os pais, os alunos, diretores, sim; foram eleitos. Eles têm que fazer relatórios de como está a escola”. Lopes também apontou que as escolas podem reparar os danos com os recursos próprios, obtidos por meio de fundos alternativos como a Associação de Pais e Professores (APP). Assista o comentário abaixo.

Os comentários não foram bem recebidos pela classe educacional, sobretudo pela escola Comendador Rocha. “Quando [o vereador] afirma que nossa escola, apresenta uma gestão ineficiente, talvez seja por falta de conhecimento ou porque nunca esteve em nossa unidade escolar. Nem para conhecer o trabalho pedagógico desenvolvido na instituição, nem para prestar qualquer tipo de serviço, seja ele voluntário ou como representante dessa Câmara. Fala de nossa escola sem conhecimento de causa, difama de forma caluniosa nossa gestão escolar, bem como a comunidade, sem ao menos conhecer a realidade que vivenciamos todos os dias”, lamentou Reis.

O diretor também corrigiu a afirmação de que a eleição direta para as gestões ocorre há vinte anos, quando na verdade começou a ser implantada em 2013. O professor também dirigiu fala ampla aos legisladores. “Antes de proferir ofensa às unidades estaduais de ensino inseridas no município, que os vereadores fossem conhecer o trabalho dos gestores, as dificuldades que os mesmos encontram para conseguirem os recursos necessários para o melhor andamento das escolas. Antes de interpor na esfera estadual, é fundamental que a preocupação de Vossa Senhoria, primeiramente, seja no âmbito municipal de preservar e buscar recursos para qualidade de ensino municipal, e quando resolver adentrar na discussão de serviços prestados pelas escolas estaduais procure averiguar pessoalmente com os gestores, faça-se solidário com os problemas enfrentados, para somente assim ter fundamento em suas falas ao cobrar com cabimento ao tema proposto”, frisou e convidou os vereadores a fazerem uma visita à escola, além de requerer retratação pública por parte do pesselista.

Ao comentar a fala do gestor, Lopes tentou amenizar o clima tenso. “Sou o vereador que sempre vai defender as escolas. O que aconteceu na sessão passada: o vereador Rodrigo pegou o grande expediente e pegou o assunto das escolas estaduais e eu não concordei quando ele falou que o prefeito estava deixando de atuar nas escolas estaduais. O que eu falei foi isso e está gravado. Citei exemplos, que se tiver um problema […] a culpa não é do prefeito, pois lá tem diretor para resolver. Não estou aqui denegrindo a imagem de ninguém”, contemporizou. Ao responder, Reis aproveitou para expor outro problema: “Agradeço a oportunidade. Estamos de portas abertas, aliás, completamente abertas. Até hoje, desde o ano de 2008, quando perdemos nossos vigilantes estamos com os portões literalmente aberto, à mercê de qualquer um. Vários ofícios [foram enviados sobre o assunto]”, falou.

Diante disso, o presidente da Câmara, Rhoomening Rodrigues (PSDB), solicitou cópia das documentações e pedidos, e anunciou a criação de uma comissão para levantar os dados do que as escolas estaduais precisam para cobrar providências, junto à Secretaria de Estado da Educação (SED).