PMN e MDB questionam contas de prefeito e vice de Laguna; defesa fala em ‘desrespeito às urnas’

O Partido da Mobilização Nacional (PMN) e o Movimento Democrático Brasileiro (MDB) apresentaram seus pedidos à 20ª Zona Eleitoral entre janeiro e fevereiro, respectivamente, baseado no fato de que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) estendeu o prazo limite para 1º de março. A defesa do prefeito e do vice de Laguna classifica o caso como 'desrespeito às urnas'.
Foto: André Luiz/Agora Laguna

Dois partidos políticos ingressaram com ações na Justiça Eleitoral (JE) para que seja realizada uma ação de investigação referente às doações financeiras eleitorais recebidas pela chapa Samir Ahmad (PSL) e Rogério Medeiros (PSDB), na eleição de novembro. O Partido da Mobilização Nacional (PMN) e o Movimento Democrático Brasileiro (MDB) apresentaram seus pedidos à 20ª Zona Eleitoral entre janeiro e fevereiro, respectivamente, baseado no fato de que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) estendeu o prazo limite para 1º de março. A defesa do prefeito e do vice de Laguna classifica o caso como ‘desrespeito às urnas’.

Os pedidos compartilham entre si os mesmos argumentos, com poucas diferenças de um para o outro. O PMN não participou da eleição e apresentou sua ação baseada em processos semelhantes julgados em outras varas judiciais, propostas por partidos que não tiveram atuação política no pleito. Já o MDB disputava a reeleição e ficou em segundo lugar.

Os partidos acusam a chapa de ter cometido abuso de poder econômico. “A fundamentação jurídica da ação está na captação ilícita de recursos eleitorais com doadores suspeitos e desconhecidos, denúncias da Operação Seival, na troca de favores pessoais, envolvendo doadores de campanha e a revogação do decreto de nepotismo”, explica o advogado do PMN, Fillipe Matos.

São listados como provas: uma doação feita por um beneficiário do Auxílio Emergencial do governo federal – o que é proibido segundo as normas do TSE – e também questionam a isonomia de um casal de doadores, já que uma pessoa com possível grau de parentesco foi nomeada para cargo no Executivo. MDB e PMN pediram a quebra do sigilo fiscal e a comprovação de renda destas pessoas.

Partes desses questionamentos, já tinham sido observados durante a fase de análise das prestações de conta da dupla, que tiveram o aval da Justiça Eleitoral – a aprovação é necessária para que o diploma de prefeito e vice seja expedido e, por sua vez, a posse seja realizada. “Como todo cidadão que quer o bem da nossa querida Laguna, [o presidente do partido, Ronaldo Mariano Chaves] consultou todos os candidatos, como sempre fez nas outras campanhas, e essa não seria diferente. Após ver que o Ministério Público estava sendo omisso em relação a algumas irregularidades, decidiu procurar o nosso escritório para ajuizar a ação contra a chapa do então prefeito eleito Samir”, relata Matos.

“O MDB tomou conhecimento de diversas doações suspeitas que levaram o partido a decidir investigar possível fraude na arrecadação de recursos. Do mesmo modo, chegou ao partido informações sobre recebimento de recursos não contabilizados. E por isso, então, houve por bem ajuizar a presente Ação de Investigação Judicial Eleitoral no intuito de apurar esses fatos”, explica o advogado Paulo Fretta Moreira, do MDB.

O polo passivo da ação emedebista também cita os demais partidos da coligação PSD e PRTB. “Após a defesa de todos os envolvidos e instrução do processo, com oitiva de testemunhas, acreditamos que tudo restará devidamente comprovado e isso gerará a possibilidade de cassação da chapa [do Executivo]”, pontua Moreira. Ambos os pedidos, não atingem os candidatos e os eleitos para as vagas de vereador no município.

Próximos passos

As ações corriam em sigilo judicial, mas o juiz Pablo Araldi, titular da 20ª ZE, removeu a condição. “Verifico que o processo foi distribuído equivocadamente em segredo de justiça, sem que exista motivo para tanto”, afirmou o magistrado em seu despacho. Não há prazo para que os processos sejam julgados, uma vez que houve a virtualização dos serviços judiciais, o que faz o andamento ser lento, porém, tendência é que processos no âmbito eleitoral tramitem rápido.

Araldi foi ouvido pelo Portal e explicou que a ação do PMN já entrou na fase de instrução, por ter sido protocolada mais cedo e arrolado apenas uma testemunha para investigação. Já o processo do MDB tende a demorar um pouco mais, pelo alto número de testemunhas e por estar no processo de notificação dos denunciados para produção de defesa.

O magistrado, porém, já deu encaminhamentos iniciais e negou o afastamento de prefeito e vice, até que sejam expedidas todas as respostas às acusações por parte dos envolvidos e análise judicial das mesmas. As ações são fundamentadas no artigo 30-A da Lei Geral das Eleições (9.504/1997) que trata da representação contra candidatos eleitos.

Outro lado

O presidente do PSL, Mário Bongiolo, alega inveracidade. “Todos os fatos relatados nos autos são inverídicos. A gestão não corrobora com nenhum ato ilícito”, afirma o dirigente partidário.

A mesma linha de pensamento segue o advogado Thiago Viana, do escritório Schotten & Pires Advogados, um dos defensores do prefeito e do vice nos processos. “Sobre as acusações feitas contra nosso cliente e prefeito de Laguna, eleito legitimamente pelo sufrágio universal, digo que as acusações não tem o menor fundamento, são denúncias absolutamente infundadas, sem qualquer elemento de prova, realizadas pela coligação derrotada nas eleições, que querem desrespeitar o resultado das urnas, com claro intuito de retornar ao poder”, diz Viana.