A polêmica compra de kits de higiene bucal infantil em Laguna repercutiu, na tarde desta terça-feira, 7, na Assembleia Legislativa (Alesc). O deputado estadual Sérgio Guimarães (União), que é lagunense, exibiu na tribuna do parlamento um exemplar dos itens do kit e criticou a aquisição pelo valor.
“Não bastasse o valor, a pasta de dente está vencida”, disse o político. A manifestação ocorreu um dia após a Câmara abrir uma comissão para processar uma denúncia contra o prefeito Samir Ahmad (sem partido) e o vice Rogério Medeiros (PSD) e um inquérito (CPI) para averiguar irregularidades na gestão da Saúde municipal.
Os fatos vieram à tona após duas denúncias do vereador Kleber Roberto Lopes Rosa (União), que questionou a aquisição de kits para higiene infantil e de prevenção à dengue, adquiridos por empresas que teriam ligação com o ex-vereador Roberto Carlos Alves (PP), também mencionado na denúncia e citado na tribuna por Guimarães. “É a farra com o dinheiro público já que esses kits não passam de R$ 150, bem valorizados”, lamentou o deputado.
O serviço de fornecimento dos kits destinados às crianças custou à prefeitura R$ 1,2 milhão e os kits giram em torno de R$ 599,89 a 599,90. Ao todo são 2.003 kits, para distribuição às séries de 0 a 3 anos, 4 a 5 anos, 1º ao 2º ano e 3º ao 5º ano. O pregão ocorreu em julho e foi dividido em quatro lotes, com duas empresas vencedoras: Educare Representações Ltda., de Tubarão, com contrato de R$ 583.102,80, e a Organizando Viagem e Cultura Ltda., de Imbituba, com contrato de R$ 618.393,80. “Esses kits estão além da realidade e o que significa isso, que as crianças de Laguna tem dentinhos de ouro?”
Também nesta terça-feira, a prefeitura anunciou a exoneração da secretária Cláudia Bonazza, da Administração, e da adjunta Silvana Vieira, que respondeu pela titularidade da Saúde, enquanto Gabrielle Siqueira da Cunha, exonerada a pedido, estava em licença-maternidade. Em nota, a prefeitura disse que investigará os fatos em um inquérito administrativo. Já a Editora Plano A, autora do projeto Crescer Sorrindo, durante coletiva de imprensa que durou cerca de 40 minutos, se negou a detalhar o valor por entender ser um dado “sigiloso” e que a composição do preço inclui, entre outros fatores, propriedade intelectual.
