Ao entrar na sede do clube, as paredes mostram sua história. As fotos maiores estampam o passado recente e o destaque fica para os troféus do Citadino de Futsal e do Amador de Futebol. Esse é o cenário do Avaí, do bairro Portinho, um dos times mais antigos a homenagear o Leão da Ilha, o Avaí original, que nesta sexta-feira, 1º, completa exatos cem anos de fundação. Assista reportagem acima.

O clube-inspiração foi fundado em 1923, criado por um grupo de jovens. “Surgiu a partir de um time informal de garotos que jogava na Pedra Grande, em Florianópolis, e foi fundado a partir do apadrinhamento de um comerciante que era pai de um dos garotos, o Amadeu Horn, que decidiu dar a esses garotos o uniforme, um conjunto de terno, como se dizia na época”, conta o historiador Felipe Matos, coautor com Adalberto Klüser e Spyros Diamantaros, de O time da raça, que conta a história avaiana até os 90 anos (2013). Cabe registro que a Família Horn tem laços lagunenses, uma vez que suas primeiras descendências em solo brasileiro nasceram na cidade juliana – Raulino Horn, um dos primeiros governadores republicanos catarinenses é um exemplo.

O Avaí, ou melhor, o Avahy (grafia original da época), conquistou seu primeiro título em 1924, foi campeão novamente em 1926 e faturou novas taças nas duas décadas seguintes. “Um clube que rapidamente se organizou e foi mostrando sua força. Na década de 30 e 40, já era um nome consolidado no cenário futebolístico da capital e do estado”, destaca o pesquisador.

Nesse contexto que surge o Avaí de Laguna, com base no bairro Portinho. A tradição oral diz que isso ocorreu em 1935, mas há fontes que apontam o ano de 1948 como sendo o da fundação. “É um tema interessante de pesquisa e pouco abordado. Em Laguna, é um dos mais tradicionais do futebol amador”, indica. Caso o primeiro ano venha a ser confirmado, o clube seria o segundo mais antigo do estado – o de Rio das Antas é 1942; o de Guaramirim, 1949; e o de Joinville, 1952.

No Portinho, a data de fundação é o que menos importa. Consenso mesmo é que o clube funciona como se fosse uma segunda família. “Meu avô tocou o Avaí, meus tios tocaram e para mim é uma honra muito grande. A gente sabe o peso que tem essa camisa, né? Estamos seguros daquilo que fazemos, sempre mantendo os pés no chão, com uma diretoria que pega junto e fazendo um belo trabalho aqui no Portinho”, avalia o presidente Rodrigo Albino Rocha, o Rudy. Fazer parte do Avaí é uma tradição que passa de geração para geração e une até mesmo aqueles que deram de si pela camisa. “Cheguei aqui em 1978 e joguei até meus 30 e estou feliz em estar de volta à diretoria. Joguei toda a vida pelo titular do Avaí e valeu a pena: aqui casei, vivo aqui e não pretendo sair. Me sinto muito bem aqui, aqui é minha vida”, celebra o ex-jogador e vice-presidente Lourival Corrêa.

Laguna na história avaiana

Em julho de 2012, num projeto de homenagear as cidades catarinenses, o Avaí vestiu uma camisa temática com imagens que mostravam o município de Laguna. Um destaque que também serviu para lembrar que a cidade juliana também contribuiu com a história avaiana. Felipe Matos elenca alguns jogadores nascidos aqui e que vestiram a camisa azul e branca: o zagueiro Beneval (irmão de Mengálvio, campeão mundial com o Santos de Pelé), Carlos Alberto Rebelo (Cacá), Zé Paulo, Junior Laguna, entre outros.