Luiz Inácio Lula da Silva (PT) será o novo presidente da República pelos próximos quatro anos, com posse marcada para 1º de janeiro e um país de tamanho continental a administrar. Desde 1989, a figura do ex-mandatário está presente no imaginário político do lagunense e pela primeira vez, ele não foi o preferido do eleitorado. O segundo turno de 2022 foi o primeiro em que Lula não venceu na cidade de Laguna e a quarta derrota consecutiva de um candidato ligado ao PT na disputa final de uma eleição.

Na primeira eleição pós-redemocratização em 1989, o primeiro turno contou com incríveis 22 candidatos e até uma tentativa de candidatura do empresário e comunicador Sílvio Santos. Na ocasião, Laguna (ainda com Pescaria Brava) somava 28.780 eleitores. Na primeira rodada, o mais votado foi Leonel Brizola (PDT) com 8,2 mil votos e Lula com 2,1 mil foi o quinto. No segundo turno, em disputa com Fernando Collor (PRN), o petista fez 14.667 votos contra 9.227 do adversário, que foi eleito e sofreu impeachment em 1992, abrindo caminho para a posse de Itamar Franco (PRN), na presidência.

Em 1994 e 1998, não houve segundo turno e a eleição foi decidida já na primeira ida dos brasileiros às urnas. Alçado pela popularidade do Plano Real e pela exposição midiática, o sociólogo Fernando Henrique Cardoso (PSDB) foi eleito presidente e foi, também, o mais votado em Laguna. Na primeira eleição, teve 8.517 votos e aumentou na segunda, com 11.822 votos. Nos dois pleitos, Lula fez 6.432 e 9.866 votos respectivamente. Em 2022, FHC apoiou o petista publicamente.

Na quarta tentativa de chegar à presidência, Lula despontou como favorito nas pesquisas eleitorais e confirmou o favoritismo ao ir para o segundo turno em disputa contra o ex-ministro da Saúde, José Serra (PSDB). No primeiro turno, o petista fez 15.952 votos e o tucano, 6.170 votos. O número cresceu na rodada seguinte com 16.487 e 9.829 votos respectivamente. Em 2002, Laguna tinha 32.840 votantes aptos.

A reeleição de Lula foi em 2006. Naquele ano, o então presidente foi às urnas para enfrentar Geraldo Alckmin (PSDB) no segundo turno. No primeiro turno, o tucano venceu com 13.382, frente aos 12.845 obtidos por Lula. O cenário se inverteu na disputa final, com o fundador do PT recebendo 15.635 votos e o adversário, 11.962.

A partir de 2010, o PT enfrentou derrotas no segundo turno. Serra venceu Dilma Rousseff (PT) com uma vantagem de menos de 3,5 mil votos. Ele fez 16.899 e ela, 13.543 votos. Dilma foi eleita presidente, com base na alta popularidade de Lula e os bons índices de aprovação do petista, que deixava o governo com 80% de aprovação, na ocasião.

Os petistas enfrentaram, de 2005 para cá, duros golpes à imagem com escândalos como o Mensalão. Todavia, foram as fases da Operação Lava Jato que causaram danos significativos à imagem do partido. No auge do antipetismo, Dilma disputou um segundo mandato em 2014. Na disputa do segundo turno daquele ano, ela teve 12.130 votos contra 13.495 de Aécio Neves (PSDB), em Laguna, que somava 33.350 eleitores, já sem Pescaria Brava. A primeira mulher a governar o país sofreu impeachment em agosto de 2016 e abriu caminho para que o vice, Michel Temer (MDB), fosse empossado naquele ano.

A derrota mais marcante foi em 2018. Lula, preso pela Lava Jato, foi indicado pelos petistas como candidato à Presidência, mas teve a candidatura barrada na Lei da Ficha Limpa. Ex-ministro da Educação, Fernando Haddad, assumiu a candidatura e disputou a preferência do eleitorado em um pleito polarizado pela briga política de esquerda, representada pelo PT, e da direita, cuja maior expressão foi o atual presidente Jair Bolsonaro (então no PSL). No segundo turno, Bolsonaro, eleito, levou 18.029 votos dos lagunenses e Hadadd teve 7.011 votos, uma diferença de mais de 11 mil sufrágios.

Já os dados de domingo apontam que Bolsonaro venceu a eleição em Laguna no segundo turno com 16.836 votos, contra os 10.609 de Lula. O ex-presidente voltou ao poder, com eleição decidida matematicamente às 19h57, do dia 30 de outubro. O petista somou 60,3 milhões (50,9%) e o atual mandatário teve 58,2 milhões (49,1%). “Esta não é uma vitória minha, nem do PT, nem dos partidos que me apoiaram na campanha. Mas de um imenso movimento democrático que se formou acima dos partidos políticos, dos interesses pessoais e das ideologias para que a democracia saísse vencedora”, disse o futuro presidente no discurso em que celebrou a vitória, em São Paulo.