Entidades representativas ligadas aos setores comercial e empresarial de Laguna colocaram outdoors na entrada da cidade para protestar contra a ideia de uma nova unidade prisional no município, informação revelada em primeira mão pelo Portal Agora Laguna. O Orçamento do Estado válido para 2022 possui uma reserva de R$ 31,72 milhões para o projeto, imaginado para ter 9,8 mil metros quadrados.
As placas publicitárias são assinadas pela Associação Empresarial de Laguna (Acil), Sindicato do Comércio Atacadista e Varejista de Laguna (Sindilojas) e Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL). Um abaixo-assinado com coleta virtual de apoios foi criado pela CDL e já soma quase 600 subscrições (acesse aqui). “A cidade não foi informada desta iniciativa que está sendo imposta sem que houvesse uma ampla consulta popular. Sequer houve audiência pública para tratativas com a população”, argumenta a entidade nos motivos expostos na plataforma virtual.
“Como uma entidade comercial, vários diretores acham que não combinam uma cidade turística ter um presídio desse porte e ainda na entrada da cidade”, comenta a presidente da Acil, Ondina Silveira. “Concordo que a construção devia ser num local bem afastado”, pontua. As artes expostas nos outdoors são direcionadas ao governador do Estado, Carlos Moisés (Republicanos), sendo que uma delas foi coberta parcialmente com tinta preta.
Oficialmente, o governo fala apenas em estudos, mas a ideia de uma nova unidade prisional é fato consolidado a nível estadual, como disse em entrevista coletiva o secretário Edemir Alexandre Camargo Neto, da Administração Prisional (SAP). O projeto, confirmado pelo gestor, é erguer a unidade prisional em um terreno “próximo à BR-101”, pertencente a outro órgão público estadual e que já foi alvo de invasão. “A decisão está tomada: Laguna terá uma unidade nova para atender à comunidade”, disse, em junho.
Tentativa rejeitada
Uma tentativa de fazer uma penitenciária em Laguna para substituir o atual presídio foi recusada em 2017. Na época, membros de diversos setores da sociedade civil e política da cidade protestaram ativamente contra a ideia, que foi apresentada pela então secretária de Justiça e Cidadania, Ada de Luca (MDB), hoje deputada estadual. O projeto, que previa a construção do prédio no mesmo local estudado atualmente, foi arquivado.
A área em estudos é na mesma região onde ficavam as casas do loteamento Novo Horizonte, onde 150 famílias foram removidas através de uma ação de reintegração de posse, por estarem morando sobre a nascente do rio do Gi. Entre os motivos da época, estava a justificativa de que a habitação desordenada poderia comprometer a captação de água da cidade.
