Secretária detalha primeira morte por Covid-19, em Laguna, em entrevista a rádio

A secretária municipal de Saúde de Laguna, Valéria Olivier, falou pela primeira vez sobre a morte da idosa de 71 anos, moradora de Cabeçuda, que morreu em 23 de junho e teve diagnóstico positivo para contaminação pelo novo coronavírus divulgado três dias depois. O óbito foi o primeiro registro oficial a entrar para as estatísticas da cidade, que chegou no domingo, 28, a 50 confirmações.

As declarações da gestora foram dadas em entrevista, nesta segunda-feira, 29, ao Jornal da Manhã, da Rádio Difusora. Valéria confirmou que a vítima tratava um câncer e que estava internada para a realização de uma cirurgia.

“Esta senhora estava em tratamento de um câncer, teve fratura de fêmur e estava hospitalizada para fazer cirurgia. Ela morreu no dia 23 e na última sexta-feira, final de tarde, o Lacen liberou o resultado”, esclareceu a secretária. A suspeita é de que a contaminação tenha ocorrido antes da internação, como apontou a assessoria de imprensa do Hospital Nossa Senhora da Conceição (HNSC) de Tubarão ainda na sexta-feira.

Quando a idosa foi internada, ela apresentava quadro inicial de sintoma respiratório. As cuidadoras particulares contratadas pela família e que assistiam a moradora de Cabeçuda também tiveram os mesmos sintomas. As profissionais, que não fazem parte da equipe do HNSC, foram testadas e aguardam resultado. “Realmente foi o primeiro óbito de Laguna”, frisou Valéria.

Ainda segundo a secretária, tão logo foi liberado o resultado da análise feita pelo laboratório, o filho da idosa, residente no Paraná, foi comunicado. A morte por coronavírus é uma das mais duras que pode acontecer, já que ela afasta a família da chance de se despedir do ente querido. O velório da senhora de 71 anos não foi realizado, por medidas sanitárias. Ela foi sepultada em Laguna um dia após o óbito ser constado.

Dúvidas sobre a morte

Assim que a informação foi divulgada pela prefeitura, muitas pessoas questionaram a veracidade do óbito. A informação de que a vítima tinha fraturado o fêmur e que tratava um câncer foi usada como pano de fundo para a discussão, que ocorreu em redes sociais.  “Mesmo ela tendo comorbidades, o Covid acelerou essa morte. Foi dado como positivo e complicou o pulmão dela. [Na certidão de óbito] Vão todas as doenças e a Covid vai escrito ali [também]”, explicou Valéria à emissora.

“Eles ficam insinuando […] As pessoas, sem saber do resultado, colocaram em redes sociais estes comentários maldosos com relação aos dados da Secretaria Municipal de Saúde e da Vigilância Epidemiológica, e isso é uma situação ruim, porque quando tu coloca uma notícia nas redes sociais, as pessoas não buscam saber se é verdade ou não. Se tu coloca, eles ficam batendo naquelas informações negativas [falsas]”.

Com 38 pessoas aguardando resultados do Lacen, para Valéria, o prognóstico não é promissor. Há cerca de duas semanas, o laboratório enfrenta dificuldade de entregar os resultados dos laudos dos exames do swab nasal coletados de pacientes suspeitos. Esse atraso, motivado pela falta de reagentes específicos para exames, vem deixando as cidades às cegas quanto a situação do coronavírus. “É uma situação complicada”, finaliza a gestora.

Ouça a entrevista completa de Valéria Olivier

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