O pesado comunicado em que a cirurgiã-dentista Luana Julya Honorato expôs o descontentamento com a situação encontrada ao assumir a Secretaria de Saúde impactou e pegou todos de surpresa. Foi o ponto final de uma passagem relâmpago pelo governo, quebrando os recordes desde que a atual gestão de Laguna foi empossada em janeiro de 2021.

Ainda merecem ser explicados os apontamentos feitos na nota, sobretudo quando se fala em falta de transparência e autonomia. É caso grave. O poder público não pode negar acesso e barrar o conhecimento a quem gere e muito menos a quem de direito o interessa: o cidadão.

Infelizmente, em uma administração que bloqueia até mesmo as tentativas de contato da imprensa, como elo entre governo e população, não é de se espantar que tenha de fato havido o que foi denunciado no comunicado. Órgãos de fiscalização e o Poder Legislativo devem atuar com urgência e exercer o papel que lhes cabe com isenção e imparcialidade.

Em paralelo, é preciso reconhecer a posição altiva e genuína da ex-secretária em abdicar de um cargo, que para muitos seria significado de status social e até estrelismo, em prol da ética e da credibilidade que lhe acompanham. A repercussão positiva e demonstrações de apoio na internet são prova disso.

É muito cedo para se falar nos efeitos que o ato ocorrido ontem irá provocar, mas eles já começam a aparecer. Certamente, a escolha de uma dentista para o comando da secretaria teve a missão de fazer recuperar o sorriso do lagunense em relação à Saúde. A ideia foi inversa: a cárie provocada pelos kits laranjas ainda seguem e deixam baixa a autoestima municipal.