Vítima de tentativa de feminicídio teme pela vida e por familiares

Inicialmente internada no Hospital de Caridade Senhor Bom Jesus dos Passos, de Laguna, ela foi transferida para atendimento especializado no Hospital Nossa Senhora da Conceição, em Tubarão. Agora Laguna conversou com exclusividade com a vítima da tentativa de feminicídio, registrada naquela noite em Caputera, e a íntegra da entrevista, sem cortes, pode ser assistida acima.

Enquanto aguarda a análise de mais um exame feito na sexta-feira, 22, Josy Gonçalves Linhares, 36, tenta assimilar tudo o que ocorreu e pensar em como seguir em frente. Em poucos minutos, na noite do último dia 14, a vida da gaúcha modificou por completo. Esfaqueada oito vezes pelo companheiro na frente da mãe, dos filhos e dos amigos, ela ainda teme pela própria vida e dos familiares, que seguem em Laguna.

Inicialmente internada no Hospital de Caridade Senhor Bom Jesus dos Passos, de Laguna, ela foi transferida para atendimento especializado no Hospital Nossa Senhora da Conceição, em Tubarão. Agora Laguna conversou com exclusividade com a vítima da tentativa de feminicídio, registrada naquela noite em Caputera. A íntegra da entrevista, sem cortes, pode ser assistida acima – a gravação foi realizada com concordância da paciente.

A mudança de casa hospitalar tem uma razão. Um dos golpes atingiu a coluna e a lesão, ainda em avaliação, pode resultar na perda de movimento das pernas e Josy se agarra no 1% de esperança que resta. Acomodada em um dos leitos do quarto em que se encontra, a mulher conversou com a reportagem sob os olhares atentos de outros pacientes e acompanhantes, que também se solidarizam com a situação.

“Meu marido teve uma crise de ciúme por causa de uma música, enfim, surtou e me atacou”, lembra. A canção citada fazia uma provocação sobre ‘voltar para o ex’. Foi a gota d’água de um crime que agora, para ela, foi premeditado. Segundo ela, na casa em que morava, foram encontradas facas escondidas em vários cômodos, incluindo no quarto do casal. “Não é a primeira vez: por um motivo de ciúmes agrediu um amigo nosso a facadas”, recorda.

Em choque, as crianças foram levadas para Porto Alegre (RS). Já Josy pensa em seguir em frente quando sair do hospital, mas não quer deixar Laguna. Já tem decidido, porém, que não voltará para Caputera. Todavia, sua maior preocupação no momento é o fato que o agressor, 29 anos, segue detido no presídio da cidade, quando, no seu entender, deveria ser transferido para outra unidade prisional. Além da própria vida, a vítima teme pela da mãe, que é funcionária da casa hospitalar lagunense – e o companheiro teria ameaçado ambas caso deixasse o presídio.

A defesa de Josy também foi ouvida pelo Portal e informou que ainda aguarda informações mais detalhadas da polícia sobre o ocorrido e que o agressor também possui processos envolvendo outras acusações graves. “Como é que vai ficar no bairro [cidade] em que nós somos as vítimas? Independente da escolha que a mulher faça, ninguém tem o direito de agredi-la, machucar ou tentar matar. A gente não pode aceitar que a gente não seja prioridade”, critica a vítima. Por ora, a paciente não possui previsão de alta.

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