Nesta sexta-feira, 22, o desaparecimento de Diego Scott completa uma semana e o caso está sob investigação da Polícia Civil, o que motivou abertura de um inquérito interno na Polícia Militar.
Scott, que é dependente químico, se envolveu em uma discussão familiar e os militares foram chamados para intervir e apartar a situação. A partir daí, o morador do bairro Progresso não foi mais visto e a família começou a procurá-lo. Isso aconteceu no último dia 15. “Estamos todos preocupado, ele nunca fez isso de sumir assim”, diz a esposa Alexsandra Joaquim.
A versão oficial, que consta no boletim de ocorrência, é que o homem não estava ali, quando a viatura chegou – “Envolvido se evadiu do local”, diz o documento. Mas a família questiona essa afirmação, já que há testemunhas que relataram ter visto os policiais colocando o homem na viatura. Uma câmera de segurança próxima flagrou a cena. Veja acima.
“A PM foi chamada, esteve no local e depois de uma hora de conversa, eles resolveram fazer a prisão do Diego. Eles fizeram o procedimento, revistaram ele, algemaram e colocaram na viatura. Até aí tudo certo, pois a família imaginava que ele tinha sido levado para a delegacia”, conta o advogado Breno Schiefler Bento, que representa a família de Scott. Ouça abaixo.
Bento relata que parentes foram até a delegacia buscar informações, mas ele não estava lá, nem no hospital e nem na unidade prisional da cidade. Diante disso, a família acionou a Polícia Civil para analisar o caso.
Ouvido pelo Portal Agora Laguna, o delegado Bruno Fernandes, titular da Divisão de Investigação Criminal (DIC), confirma que foi aberta uma investigação para apurar os fatos relatados pela família. “A meta inicial é saber se ele foi visto pós-liberação da polícia ou não, mas por enquanto é tudo prematuro”, explica.
Relatos chegaram ao conhecimento da Polícia Civil de que Diego Scott teria sido visto no fim de semana em alguns locais da cidade, mas não há confirmação da veracidade dos testemunhos. “A família quer uma posição dos policiais sobre onde está o Diego. Se isso tivesse sido feito na sexta-feira, já poderiam ter ido atrás”, frisa o advogado.
O que diz a Polícia Militar
A Polícia Militar também apura o caso. “Esse rapaz teria se envolvido em uma operação policial e após ele não teria sido mais visto. A partir do momento que ficamos sabendo da situação, repassamos para que os policiais fizessem rondas e buscassem encontrá-lo”, descreve o major Josias Machado, subcomandante do 28º Batalhão de Laguna.
Na segunda-feira, 18, a polícia abriu procedimento interno para apurar como foi o atendimento policial à ocorrência. Questionado pelo Portal, o oficial confirma essa sindicância, mas afirma que não pode dar mais detalhes da investigação. “Ainda está na fase preliminar”, resume.
O major também nega a prisão dos dois policiais que atenderam a ocorrência. Segundo ele, houve um remanejamento de escala para que os agentes passassem a prestar serviço internamente, a fim de agilizar os trabalhos investigativos, que ocorrem sob sigilo.
“A Polícia Militar tem compromisso com a verdade. Ela é intransigente com aqueles que de alguma forma agride a lei, sejam civis, sejam militares. O procedimento visa apurar a conduta dos policiais e isso pode resultar em procedimentos administrativos-disciplinares que serão julgados pela própria corporação, mas, o mais importante é que o procedimento vai ser enviado para a Justiça Militar e o Ministério Público também vai avaliar se no procedimento existe indício de crime militar”, explica Machado.
Caso o Ministério Público identifique esses indícios, poderá ingressar com ação penal, porém, isso depende da apuração. “Estamos tentando proceder de forma rápida, mas principalmente, de forma séria, isenta e para apresentar a verdade dos fatos”, frisa. O major também confirma a existência de relatos de pessoas que viram Diego Scott no fim de semana.
O subcomandante afirma que a polícia mantém canal aberto no telefone 190 para informações que auxiliem na busca pelo paradeiro do rapaz. Ouça entrevista abaixo.