Ex-morador de Laguna, caminhoneiro morre na Bahia com suspeita de coronavírus

João Bento tinha 52 anos e iria completar 53 no próximo dia 31 de maio. Motorista, nascido em Pedras Grandes, cidade da região da Amurel, veio ainda pequeno para Laguna, onde foi criado e morou até alguns anos atrás. Foi em uma de suas viagens de caminhão na Bahia, que ele se sentiu mal e precisou ser levado para um hospital. Bento morreu nesta segunda-feira, 27, e os sintomas indicam que pode ter sido por coronavírus.

O motorista morava há um ano na cidade de Maracanaú, distante 24 quilômetros de Fortaleza, capital do Ceará, junto da esposa Joelma Souza, que conheceu pela internet em 2019. “Estou péssima. Deus levou meu amor… Ele foi o grande amor da minha vida!”, lamentou ela, em contato com a reportagem do Portal Agora Laguna.

A esposa disse que João Bento saiu para viajar na última quinta-feira, 16, estando “bem, apesar de um pouco febril”. O destino era Recife (PE), onde foi buscar uma carga e no retorno não se sentiu bem. “Estava vindo de viagem, passou mal, parou em posto de gasolina e chamaram a ambulância”, disse o sobrinho Otávio Teixeira. A carreta está em Camaçari (BA) e o motorista foi levado para o Instituto Couto Maia, casa hospitalar de Salvador, capital baiana.

Segundo Joelma, os exames ainda não confirmaram que a causa da morte foi por Covid-19, mas os sintomas apontam para essa possibilidade. “Ele já estava sedado, entubado, com sonda e ontem [domingo, 26] tinha feito a primeira seção de hemodiálise”, relatou o sobrinho. A morte ocorreu no início desta tarde. Questionada pela reportagem do Portal Agora Laguna, a Secretaria de Estado da Saúde da Bahia (Sesab) informou que não tinha conhecimento do óbito.

Bento chegou a trabalhar por alguns anos na Transportes Alvorada, de Tubarão, quando a empresa era responsável pelas linhas do interior de Laguna. Ele foi motorista de ônibus no itinerário do Distrito de Ribeirão Pequeno e chegou a morar por alguns anos em Cabeçuda. Hoje, as linhas são operadas pela Lagunatur.

A dúvida sobre a causa oficial da morte, expõe uma dor difícil para muitas famílias em tempos de pandemia do novo coronavírus. Protocolos oficiais de segurança não recomendam que velórios sejam realizados e, quando é possível fazer a cerimônia fúnebre, a orientação é que não seja feito o mais breve possível.

A mãe Heloázia, 81 anos, que mora com uma filha no bairro Km-37, em Pescaria Brava, está bem abalada com a notícia. Da família, apenas o filho Luan, poderá se despedir do pai. Ele viajou às pressas para Salvador, para a resolver a documentação funerária e providenciar o sepultamento de João Bento na capital baiana. O translado do corpo para Laguna está descartado.

“Foi um grande homem na vida. Sempre ficávamos juntinhos quando ele chegava de viagem e a gente saía pra passear, para ir no supermercado, fazer compras… nunca brigou comigo e, de instante em instante, dizia que me amava. Ele dizia assim: ‘Eu já te disse que tu mais linda do que ontem?”, lembrou a esposa.

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