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Editorial: Naquela mesa faltou Laguna

"Se continuarmos assim, veremos as outras cidades crescerem e Laguna ficará na plateia, quando deveria ser protagonista do espetáculo."
Agora Laguna

Que o recurso anunciado para o projeto de obras no Porto de Laguna é importante e fundamental não se discute. Aliás, é uma necessidade urgente e pauta de muitas discussões, que quase sempre terminam na gaveta por esbarrar em cifras milionárias que chegam perto dos três dígitos. O que fica de lição do evento realizado ontem — em Tubarão — é que foi mais uma clara demonstração de como Laguna ficou em segundo plano.

Ao analisar as fotos do encontro, vemos uma mesa de autoridades formadas por deputados – os organizadores do evento; políticos de Tubarão – os anfitriões; e mais algumas expressões estaduais. Todos se juntaram em torno do governador em exercício Mauro De Nadal para rabiscar no valioso papel as assinaturas que entrarão para a história. Laguna não aparece na foto, está apenas incluída no documento.

Talvez, Laguna nem estivesse envolvida na pauta. Está por ser o ponto final de um projeto maior: a redragagem do rio Tubarão, que desemboca no Canal da Barra, muitas vezes com os entulhos e rejeitos vindos das cidades acima. Ainda que propagem que as obras vão começar por aqui, não fosse o episódio das últimas duas cheias, as autoridades de lá não teriam se movimentado para resgatar o projeto e tão pouco se lembrariam que existe a nossa cidade no caminho para o mar. Caminho esse que, como diria o poeta Drummond de Andrade, há pedras.

São pedras tão grandiosas que impõem risco à navegação, mas se não fosse a movimentação de Tubarão, nem sequer tocariam nesse assunto. Vidas seriam perdidas, embarcações afundadas. Assim como está perdida e afundada a representatividade e importância política de Laguna. Sim, a cidade que vive do passado glorioso e se emociona com orgulho ao contar que já teve ministro, deputado, senador e até governador, hoje se contenta em ficar no segundo plano.

Lamentável. Se for para apontar culpados por isso, a culpa recai sobre todos nós. Principalmente aqueles que aceitam apoiar candidatos de fora em detrimento dos que são daqui e com coragem brigam para conseguir uma ou duas centenas, enquanto forasteiros rompem a barreira dos mil votos. Se continuarmos assim, veremos as outras cidades crescerem e Laguna ficará na plateia, quando deveria ser protagonista do espetáculo.

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