Coveiro há 34 anos, Luís Oliveira, está em tratamento contra um câncer de pele que descobriu recentemente e na última semana ficou de repouso após a primeira cirurgia para remoção do tumor. A doença, que pode ser gerada pela exposição excessiva ao sol, é atribuída pelo servidor à falta de proteção individual. “Nunca me deram nada, nem colher de pedreiro”, afirma.
Oliveira entrou em férias na terça, 29. Às vésperas de Finados, para atender a demanda por sepultamentos, o governo realocou um bolsista da Fundação Irmã Vera. “Meu substituto não é profissional”, alerta ele, que disse ter passado trabalho anos atrás, quando foi colocado um inexperiente para cuidar do trabalho fúnebre. Foi nessa situação que, ao refazer um sepultamento, acabou tendo contato com a excreção de um corpo, que respingou em seu olho. O coveiro procurou atendimento médico e enfrenta irritações no globo ocular desde então.
Há cerca de duas semanas, sozinho e sem ajudante, divulgou um vídeo para criticar a conservação dos cemitérios. Com mato crescendo, o acesso e a identificação dos túmulos ficam difíceis. Único coveiro efetivo, ele relata que sofre ameaças, até mesmo de processo, por expor a deficiência dos campos-santos. A mais recente foi por ter cobrado pelo serviço de lacração do túmulo. Sem receber o material necessário, o servidor gasta do próprio bolso para comprar os insumos. Cerca de R$ 400, segundo seus cálculos. “Ninguém quer pegar no meu lugar, mas já falei que não quero mês. Tem que ter um dom para isso e eu herdei do meu pai”, pontua.
Cemitérios recebem limpeza
Na última terça-feira à tarde, 29, AL esteve nos dois cemitérios municipais, o da Glória e o da Cruz, ambos de responsabilidade da prefeitura – ao todo, a cidade tem 13 campos-santos, mantidos por instituições particulares ou associações comunitárias. Ao contrário de outros anos, quando a situação verificada às vésperas de Finados era de abandono, ambos os locais aparentavam ter recebido manutenção recentemente.
Alguns poucos familiares estavam no local, realizando um ou outro processo de limpeza e reparo nos túmulos de entes sepultados ali. Em outras localidades, é a própria comunidade quem faz o trabalho voluntário de manutenção. No último sábado, 26, moradores do Distrito de Ribeirão Grande fizeram a conservação do campo-santo da comunidade.
O que diz a prefeitura
Até o fechamento do texto, a prefeitura de Laguna não havia respondido os pedidos de posicionamento feito pelo Portal. O espaço permanece aberto.