Nos tempos em que tinha um porto ativo e era economicamente ligada ao Rio de Janeiro, centro do poder nacional, Laguna tinha muitos de seus filhos vivendo por lá. O lagunense Saul Ulysséa (foto), falecido em 1948, foi um destes. Quis o destino que ele estivesse lá quando dos episódios de novembro de 1889, que culminaram na Proclamação da República. Nesta sexta-feira, 15, o evento que oficializou o fim do Império brasileiro completa 135 anos.
Nascido em 1868, Ulysséa estava com 21 anos. A narração do que viu repousa em amareladas páginas do seu livro Coisas velhas, editado pela primeira e única vez em 1946.
“Confesso que fui admirador e simpatizante de D. Pedro 2º”, escreveu, para depois pontuar: “Fazíamos parte dos republicanos que desejavam a Proclamação”. O evento de 15 de Novembro apenas confirmou um movimento que vinha crescente há algum tempo e ampliado semanas antes.
Ulysséa avalia que a instituição do regime republicano no país poderia ter sido adiado. “Se fossem postos em prática as reformas liberais desejadas ansiosamente e resolvida a questão militar, não teria proclamado a República senão depois da morte do imperador”.
Apesar de todo o clima, o lagunense revela ter sido supreendido, quando viu a marcha de oficiais do Exército pela rua do Ouvidor. Estava decretado o fim do Império, iniciado em 1822 com D. Pedro 1º. “Assistimos ao desfile, surpresos do movimento e assim muitas pessoas por ignorarem o que se passava. Ouvimos alguns vivas à República que eram correspondido pelos por oficiais”.
No mesmo dia foi empossado um governo provisório chefiado pelo marechal Deodoro da Fonseca, tendo como vice o também marechal Floriano Peixoto. Em 1891, foi promulgada a primeira Constituição republicana. D. Pedro 2º e a família foram expulsos e declarados banidos do Brasil, condição que só foi revista na década de 1920. O ex-imperador morreu na França, em 1891.
A notícia da proclamação chegou à Santa Catarina por meio de um telegrama no amanhecer do dia 15. Um contato comercial da firma Carl Hoepecke telegrafou para Desterro informando que o país estava sem governo. Apenas no dia 17 é que chegaram notícias oficiais e uma sessão do Parlamento declarou adesão ao regime, motivo pelo qual é esta data que consta no brasão catarinense. O primeiro governo provisório estadual foi composto pelo farmacêutico Raulino Horn, lagunense; pelo coronel João Batista Cavalcanti; e pelo médico Alexandre Bayma. Em dezembro, Lauro Müller foi empossado governador.
Em Laguna, a adesão ocorreu também no dia 17, segundo boletim do jornal União Conservadora, que foi extinto depois. A confirmação foi feita pela Câmara Municipal em sessão extraordinária. Os vereadores na ocasião eram: Luiz Nery Pacheco dos Reis, José Pedro da Silva Pinto, José Fernandes Monte Claro, Antônio da Silva Guimarães, Pedro José da Silva e Camillo Lopes d’Alcântara.