As urnas abertas no domingo, 6, colocaram o Partido Liberal (PL) no comando da prefeitura de Laguna a partir de janeiro de 2025. Peterson Crippa, candidato da legenda, obteve 12 mil votos sobre 9 mil de Mauro Candemil (MDB), segundo colocado na votação. Mas essa não será a primeira vez que o PL governa a cidade mais antiga do Sul catarinense.
O atual Partido Liberal surgiu no contexto da redemocratização brasileira em 1985, por iniciativa do deputado carioca Álvaro Valle. Desde a década de 1990, a legenda disputa eleições em Laguna e chegou a eleger vereadores. Na majoritária, concorreu em 1996 (José Soares), 2020 (Evandro dos Passos Farias) e agora em 2024. Entre outubro de 2006 e maio de 2019, vale destacar, a sigla usou o nome de Partido da República (PR), fruto da fusão com o antigo Partido da Reedificação da Ordem Nacional (Prona), de Enéas Carneiro. Em 2019, com a refundação, resgatou a denominação original.
No passado, um PL, sem qualquer ligações com a sigla atual, esteve à frente da chefia municipal por mais de uma década. Este partido surgiu como uma evolução da Aliança Liberal (AL), uma união partidária que lançou à presidência o governador do Rio Grande do Sul, Getúlio Vargas, em 1930. Com a derrota, Vargas desencadeou um movimento que acabou por proclamar um governo provisório liderado por ele, empossado como presidente provisório e, posteriormente, em 1934, eleito indiretamente pelo Congresso.
A partir de 1934, a AL se organizou como Partido Liberal. Naquele tempo não havia o conceito de um partido de participação nacional, como ocorre atualmente, por este motivo é comum encontrar a sigla citada como Partido Liberal Catarinense (PLC) em matérias de jornais envelhecidos pelo tempo.
Antes de virar legenda, a AL esteve no comando de Laguna com o prefeito provisório Gil Ungaretti, que ficou cerca de 12 dias como chefe do Executivo, no fim de outubro de 1930; com José Fernandes Martins, que faleceu no exercício do cargo em 1932; e com Antônio Baptista da Silva, que governou de 1932 a maio de 1933.
Em 1933, o interventor Ptolomeu de Assis Brasil nomeou o cartorário Giocondo Tasso como prefeito e Nereu Ramos, em 1935, o manteve na função. A boa administração que fez garantiu a ele uma vitória na primeira eleição organizada pós-posse de Vargas, em 1º de março de 1936, já como Partido Liberal.
Tasso foi o mais longevo dos prefeitos que governaram Laguna, ficando 12 anos no cargo até novembro de 1945, quando foi exonerado – à essa altura, já não era mais um chefe do Executivo eleito e sim nomeado, como fora antes do pleito – e cedeu lugar para o jovem médico Paulo Carneiro, que teve ali o primeiro de seus três períodos à frente da prefeitura.