O vice-prefeito Rogério Medeiros fez uma pausa no planejamento eleitoral do Partido Social Democrático (PSD), sigla da qual é o atual presidente no município, para responder a uma série de perguntas para os leitores do Agora Laguna. Na conversa, respostas francas e diretas trazem a visão do político sobre a situação vivida no município e comentários sobre as polêmicas enfrentadas pela gestão municipal lagunense. A íntegra da entrevista é a seguinte:
AGORA LAGUNA – Primeiramente, como o sr. vê o surgimento de um novo impresso na cidade?
ROGÉRIO MEDEIROS – O jornal impresso oferece uma experiência única ao leitor, resgatando uma cultura que foi perdendo um pouco de espaço com a difusão das mídias. Atende a um público diferenciado, trazendo informações relevantes da cidade. Laguna merece mais um jornal impresso de qualidade.
AL – Faltando menos de seis meses para o fim do ano e do atual mandato, como o senhor avalia a atual gestão?
RM – Desde o início da gestão até o terceiro ano, muitas melhorias foram realizadas. Empreendemos todos os esforços possíveis para atender as demandas do município. Porém, no último ano dessa jornada o prefeito Samir tomou iniciativas que não concordei, e não concordo. Mas ele é o prefeito, e eu o vice, a partir de então, não tivemos mais comunicações e tampouco, parcerias políticas.
AL – Qual o principal marco dessa gestão e o que ficará como legado?
RM – É importante investir em infraestrutura, e a gestão trabalhou muito nesse sentido. A orla da praia do Mar Grosso, desde os molhes até à Praia do Sol, considero um dos grandes investimentos, apesar de existirem pontos críticos. Várias vias da nossa cidade foram contempladas com obras de microdrenagem, drenagem de estradas, pavimentação, substituição e/ou implantação de redes de água e de esgoto. A boa infraestrutura muda a realidade e melhora a vida das pessoas, por isso as estradas são importantes para todos, considero um legado da gestão.
AL – De 0 a 10, que nota dá para o governo municipal?
RM – No momento atual, 5
AL – Como avalia a Câmara nesta última legislatura?
RM – Oposição por oposição e pouco trabalho efetivo em prol da sociedade.
AL – Confirma relações cortadas com o prefeito Samir?
RM – Sim, quando discordei de posicionamentos e decisões gerou-se um atrito entre nós. A distância e a limitação de espaço me mostraram que a dupla de campanha já não existe mais. Perdemos o contato, pois o prefeito decidiu seguir por um caminho diferente daquele que planejamos, deixando de lado os princípios do nosso projeto e a responsabilidade com a população. Diante de tudo que vem acontecendo, não posso fingir que está tudo bem. Hoje sou politicamente perseguido e não compactuo com o que vem acontecendo.
AL Em conversas de bastidores, se afirma que o atual secretário de Administração teria trocado a chave da porta do seu gabinete, pegando o senhor de surpresa. É verídica essa informação?
RM – Sim, foi trocada a fechadura da porta de vidro que dá acesso aos gabinetes, incluindo ao meu. Não fui informado, e nem recebi cópia da chave.
AL –Como vê a indicação do novo secretário de Administração e Saúde e do gestor da Cultura e Assistência Social?
RM – A pasta da Saúde e da Administração exigem muita atenção, responsabilidade, conhecimento, experiência e gestão. Não recomendo que uma mesma pessoa toque duas pastas tão importantes, pois gera uma sobrecarga que é impossível de lidar. Resultado disso é o descompromisso e ineficiência que vemos hoje. Digo o mesmo para Cultura e Assistência Social. Laguna é uma cidade histórica que respira cultura e precisa de alguém capacitado e comprometido com a função, e a Assistência Social é indispensável para a promoção e manutenção das políticas sociais, não tendo como um mesmo gestor se dedicar para as duas pastas sem prejuízo para a população. Além disso, a nomeação de secretários interinos deve ser por curto prazo, quando realmente se fizer necessário e não para monopolizar o poder.
AL – Se arrepende de alguma coisa?
RM – Sim, se eu pudesse voltar ao tempo, não teria colocado meu nome para ser vice do atual prefeito.
AL – Dentre tantas polêmicas da atual gestão, como analisa a dos kits odontológicos?
RM – Sou absolutamente contrário à licitação deste material e só tive conhecimento dos trâmites aparentemente ilegais e imorais desta aquisição pelas auditorias que levantaram inúmeras irregularidades.
AL – O senhor se envolveu com desvio de fraldas geriátricas da Secretaria de Saúde?
RM – Nunca tive nenhum envolvimento com isso, inclusive a Justiça já foi acionada por conta desta acusação suja e tendenciosa.
AL – Quais foram as maiores vitórias do governo e os principais pecados?
RM – Foram inúmeras ruas calçadas, obras importantes realizadas, materiais escolares e uniformes de qualidade para as crianças, investimentos em associações nunca feitos antes, aumento da cota de exames médicos, entre outras conquistas e realizações. O principal pecado foi não conseguir concluir todos os propósitos alinhados no projeto da campanha eleitoral.
AL– Por que não buscar a reeleição, mesmo que em outra chapa?
RM – Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito, agora o meu é aguardar.
AL – Qual o rumo político deve adotar? Pretende apoiar algum candidato a majoritária?
RM – Sim, vamos apostar em algo novo para Laguna. Estamos apostando que o Republicanos consiga mudar o rumo da nossa cidade.
AL – Para o Legislativo, o PSD é descrito pelo sr. como capaz de mudar os rumos. Quantas cadeiras o partido espera fazer?
RM – O PSD é um partido com uma ideologia pautada no coletivo. Hoje formamos um time que ama Laguna. A nossa expectativa e trabalho árduo serão em prol de duas cadeiras no Legislativo.
AL – Que mensagem deixaria para o lagunense?
RM – Desculpe, lagunense, por não conseguir fazer mais por nossa cidade. Nunca esqueça que o meu objetivo como figura pública será sempre o melhor para nossa amada Laguna. Acredito que é possível dar a volta por cima. A mudança depende de cada um de nós.