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Padre Carlos Henrique deixa paróquia de Magalhães após quase uma década

Ao todo, foram sete anos a frente dos trabalhos, iniciados em fevereiro de 2016 e em uma transição que contou, inclusive, com aconselhamentos de Edemir João de Souza, padre que atuou na mesma localidade durante quase 30 anos.

Décimo pároco na história de mais de meio século da Igreja de Nossa Senhora dos Navegantes como matriz, o padre Carlos Henrique Fernandes permaneceu no comando da paróquia por um tempo quase igual ao de sua posição na trajetória católica de Magalhães. Ao todo, foram sete anos a frente dos trabalhos, iniciados em fevereiro de 2016 e em uma transição que contou, inclusive, com aconselhamentos de Edemir João de Souza, padre que atuou na mesma localidade durante quase 30 anos.

Foi relembrando as lições que ouviu do antecessor e com uma das vestes dele, herdada com carinho e respeito, que o pároco recebeu o Portal Agora Laguna para uma conversa rápida sobre a experiência de guiar uma paróquia da importância como tem a do bairro Magalhães. A devoção à protetora dos mares é tão íntima dos lagunenses, assim como é Santo Antônio dos Anjos. A imponência que a festa teve no passado, quando Laguna ainda era um centro comercial de referência e possuía um porto francamente ativo, faz com que anualmente a padroeira seja celebrada com feriado municipal – privilégio que somente as festas do padroeiro municipal e as celebrações de Corpus Christi possuem.

A entrevista durou cerca de 30 minutos e ocorreu na capela da Misericórdia os instantes que antecederam à ida do religioso para o púlpito da matriz. No domingo, 26, a igreja ficou lotada em sinal de gratidão e reconhecimento pelos sete anos em que o padre guiou os fieis de Magalhães, entorno e região da ilha. Natural de Braço do Norte, Carlos Henrique chegou a Laguna vindo de Tubarão e retornará à cidade azul. “Estou saindo por solicitação de dom Adilson e seu Conselho de Presbíteros com certeza de ter contribuído para a evolução desta paróquia nas duas instâncias: a igreja enquanto templo e outra, mais importante, que é enquanto povo de Deus, com as pessoas que se comprometem com a anúncio de Deus na história”, avalia o padre Carlos.

A nomeação do novo pároco, foi um dos primeiros atos do novo bispo de Tubarão, dom Adilson Busin, mas há uma lacuna: sabe-se que ele irá para a Igreja Nossa Senhora de Fátima, mas seu destino oficial ainda será anunciado. Em paralelo, na distante Paróquia de Santa Otília, o pároco Adson Muniz também participava da mesma celebração – a posse na igreja lagunense está marcada para a próxima quinta-feira, 30.

Ao olhar para o caminho percorrido até aqui, o padre elenca algumas das transformações: o ‘meia-volta volver’, como define, que foi a reorganização do espaço interno da matriz, a criação de um oratório na praça Polidoro Santiago, a capela em que nos recebeu. Também aponta algumas mudanças que não foram bem compreendidas de início, mas que atualmente estão em vigor que são o fim dos antigos ministros de batismo e dos bailes no salão paroquial. “Lembro do conselho do padre Edemir: ‘Vai devagar meu irmão'”, relembra ao reconhecer que deveria ter sido a missão do antigo pároco, falecido em agosto de 2016. Entre os projetos que não conseguiu concluir, um em especial o religioso espera que o sucessor possa fazer, que é a troca dos bancos da igreja.

Além das funções eclesiásticas, o então pároco ainda desempenha atividades como professor no Centro de Ensino de Jovens e Adultos (Ceja), de Laguna, e em comunidades terapêuticas e de recuperação de dependentes químicos na cidade. Dono de opiniões centradas e sem se preocupar em expô-las, Carlos Henrique ressalta que tentou – e espera ter conseguido – desenvolver uma maior consciência política também entre os fiéis, no sentido de que se envolvam mais com a própria cidade e o bairro em geral. “A grande tristeza que levo no coração, por falta de consciência, bondade ou sabedoria do poder público de Laguna é que não existe aqui uma coleta seletiva de lixo”, lamenta.

Quando o relógio marcou 17h35, a conversa finalizou, não sem antes o padre olhar para a câmera e transmitir uma mensagem para todos os fieis, seja de Navegantes ou das demais paróquias: “Laguna, desfrute o ano inteiro. Vamos continuar lutando por Laguna. Saio de pároco, mas aqui tenho meu único imóvel e sou eleitor desde que aqui cheguei em 2016 e pretendo dar meu melhor porque o povo desta cidade amada merece”.

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