O mundo evoluiu. As comunicações evoluíram. Por esse motivos, reuniões a portas fechadas sob desculpa de que não havia como avisar os mais interessados não cabem mais na sociedade atual, cada vez mais conectada. Laguna mostrou que não suporta mais ser a última a ficar sabendo dos projetos que impactam na vida do lagunense.
Isso é reflexo de episódios do passado. Cicatrizes que ainda não sararam e que remontam às discussões sobre o plano de manejo, o pedágio e, agora, a ideia de converter em reserva extrativista a região do Farol de Santa Marta, cujos moradores cobram investimento na infraestrutura mais básica como o acesso ao saneamento básico e são surpreendidos pelo resgate de um projeto empoeirado iniciado duas décadas atrás.
Para uma comunidade onde o nativo está desacreditado há muito tempo, calejado de promessas, a tensão de perder sua liberdade mexe com o brio. Na tentativa de serem ouvidos, ocuparam o espaço de fala que lhes pertence e o qual não deve ser negado. Afinal, o principal ator social de uma cadeia produtiva como a do Farol é, sem dúvida, o mais interessado em saber o que querem fazer em sua área.
No passado, a ausência de representatividade e de participação fez a cidade perder investimentos e aceitar imposições, no linguajar popular, goela a baixo, sem réplica, nem tréplica. Em uma sociedade cada vez mais globalizada, se nem poder público, nem imprensa e nem a comunidade têm ciência do que está sendo estudado ou o que ser quer fazer numa determina área, a iniciativa está fadada ao processo. Dito tudo isso, um fato é certo: em se tratando de uma iniciativa que tem como plano de fundo a pesca, faltou saber vender o peixe. E se ele for vendido, que não esteja estragado.