Com carreata e estouro de fogos de artifício, moradores de Pescaria Brava lotaram a Câmara de Vereadores, na noite desta terça-feira, 4, em demonstração de inconformismo com a aprovação de um vale-alimentação de R$ 1,2 mil. A repercussão negativa na população fez com que os edis voltassem atrás e abrissem mão do benefício, tornado lei no último dia 27.
A sessão ordinária começou pouco depois das 19h30, e os vereadores foram vaiados por quem estava no plenário – dezenas de moradores também se aglomeraram no lado de fora da sede legislativa. Ao assumir o microfone, a presidente Rosilene Faísca, a Leia (MDB), ouviu novas vaias e pediu respeito. Fazendo uso do regimento interno, declarou que poderia encerrar a reunião se a manifestação continuasse. O grupo que lotou o espaço acatou o pedido.
O vale-alimentação foi a forma que a Câmara encontrou de compensar o atraso na recomposição salarial, que está defasada desde 2014. “Como a gente não consegue aumentar para esse ano, só em 2025, resolvemos fazer o vale. Não importava se fosse R$ 500, 600… não iriam aceitar. A gente fez porque cada vereador aqui trabalha, vai nas ruas, na prefeitura, vai para Florianópolis com seu carro. A população tem que olhar isso e nós não fizemos nada de errado”, argumentou a presidente, que deixou o prédio escoltada pela Polícia Militar (PM).
Questionada por Agora Laguna, se há um arrependimento de ter proposto o projeto diante da repercussão, a vereadora concordou. “Vou falar a verdade, arrepender? Todos nós nos arrependemos, mas não acho que é o momento de fazer o que fizeram: colocar carro de som, ofender como ofenderam. A nossa casa está aberta, venham conversar com a gente”, disse. “Temos que admitir que cometemos um equívoco e a população reivindicou que fosse revogado, e temos de ouvi-los. A grande maioria [dos eleitores] pediu pra fazer a revogação”, completou o vereador Rinaldo Rodrigues, o Cabeça (PSDB).
Um dia antes da sessão, em reunião, os vereadores decidiram internamente pela revogação do vale-alimentação. Mesmo com o anúncio, a população manteve a manifestação. “A população é contra isso, por conta dos grandes aumentos e pela situação que o município está enfrentando. Com o vale de R$ 1,2 mil, isso se tornou algo vexatório para Pescaria Brava”, avaliou Murilo Medeiros, um dos manifestantes.
O projeto de revogação do vale entrou na pauta como prometido e foi apenas lido. A votação ficou para a próxima sessão, marcada, a princípio, para o dia 11 de abril. Depois de votado, se for de fato aprovado, ainda precisará de sanção do prefeito interino Lourival Izidoro (PP) para ter os efeitos legais.