Monkeypox ou varíola dos macacos: conheça os sintomas e meios de transmissão

Infecção é causada por um poxvírus do subgrupo orthopoxvírus, como outras doenças como a cowpox e a varíola humana, erradicada em 1980 com o auxílio da vacinação.
Imagem ilustrativa

O Brasil já tem quase mil casos confirmados de infecção por monkeypox, que é o nome comum que vem sendo adotado para substituir o termo varíola dos macacos. São mais de 30 notificações feitas em Santa Catarina, nenhuma em Laguna, segundo a Secretaria Municipal de Saúde.

Diferente da Covid-19, a monkeypox não é uma doença nova e possui estudos mais antigos, o que permite entender seus meios transmissivos, de prevenção e de tratamento. A infecção é causada por um poxvírus do subgrupo orthopoxvírus, como outras doenças como a cowpox e a varíola humana, erradicada em 1980 com o auxílio da vacinação. O quadro endêmico no continente africano se deve a duas cepas distintas.

O diagnóstico em humanos surgiu em 1958 pela primeira vez e foi em conjunto aos estudos que analisavam a morte de macacos, o que motivou seu antigo nome comum. Porém, em ciclos transmissivos, eles também são vítimas. Roedores silvestres são o reservatório animal do vírus na natureza. “Não há reservatórios descritos em locais fora da África. Uma das maiores preocupações no surto atual é impedir o vírus de encontrar um reservatório em outros países. Se isso acontece, é muito mais difícil a contenção”, explicou Clarissa Damaso, chefe do Laboratório de Biologia Molecular de Vírus da UFRJ e assessora da OMS, em evento na última sexta-feira, 29, em São Paulo.

A transmissão vem acontecendo de pessoa para pessoa, a partir de feridas, fluidos corporais e gotículas do doente. Essa contaminação ocorre via contato próximo e prolongado sem proteção respiratória, contato com objetos contaminados ou com a pele, inclusive durante relação sexual. O vírus tem incubação de cinco a 21 dias e o sintoma mais comum é o aparecimento de erupções e nódulos dolorosos na pele, mas pode ocorrer febre, calafrios, dores de cabeça, dores musculares e fraqueza.

“As lesões são profundas, bem definidas na borda e há uma progressão: começa como uma mancha vermelha que chamamos de mácula, se eleva tornando-se uma pápula, vira uma bolha ou vesícula e, por fim, se rompe configurando um crosta”, descreveu o infectologista Rafael Galliez, professor da Faculdade de Medicina da UFRJ, no mesmo evento

A OMS considera como suspeitos os pacientes que têm pelo menos uma lesão na pele em qualquer parte de corpo e se enquadrar em um desses requisitos nos últimos 21 dias: histórico de viagem a país com casos confirmados, contato com viajantes que estiveram nesses país ou contato íntimo com desconhecidos. O diagnóstico laboratorial é feito com teste swab, semelhante ao que é usado na investigação de contaminação por coronavírus e já há estudos para a elaboração de testes rápidos.

Exames e prevenção

Além do exame laboratorial, pode ser realizado exame clínico e atualmente, a principal preocupação médica é a semelhança das com as causadas pela varicela, a popular catapora. Especialistas vem alertando que já ocorre mudança de perfil dos sintomas. Quando detectada a doença, o tratamento é feito em suporte clínico e com administração de medicamentos para alívio da dor e da febre.

Dados apresentados no evento apontam que 10% dos pacientes têm sido internados para o controle da dor, geralmente quando há lesões no ânus, nas partes genitais ou nas mucosas orais, dificultando a deglutição. Os médicos no exterior já fazem uso de um antiviral chamado tecovirimat, que bloqueia a disseminação do vírus. O remédio, porém, ainda não está no país.

Os especialistas médicos apontam que a vigilância para a rápida identificação de novos casos e o isolamento dos infectados são fundamentais para se evitar a disseminação da doença. O infectado pode levar até 40 dias para retornar às suas atividades sociais, mesmo que aparente estar bem. Ele deverá se manter em isolamento enquanto ainda tiver erupções na pele. Algumas pesquisas apontam que o uso de preservativo não previne a infecção, já que o intenso contato e a troca de fluidos corporais durante o ato sexual oferece diversas oportunidades para a transmissão do vírus e que há indícios de que as pessoas vacinadas contra a varíola humana tenham proteção contra a monkeypox.

Vacinação

Estudos mais recentes sustentam que o sistema imunológico desenvolve proteção cruzada contra os diferentes orthopoxvírus. Isso permite que quem já foi contaminado com a varíola humana ou com a vaccinia, por exemplo, possivelmente possui imunidade para a varíola dos macacos. Esse entendimento possibilitou a criação de uma vacina.

A varíola humana foi erradicada no começo da década de 1980 em todo o mundo. Os indícios apontam que quem nasceu antes dessa data e foi vacinado está protegido contra a monkeypox. A média de idade dos contaminados está abaixo dos 38 anos. Todavia, mesmo com vacinas para ajudar no combate ao surto da varíola dos macacos, não há previsão quanto a uma campanha para imunização em massa.

Em convênio com a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), o governo federal fez a aquisição de um lote de vacinas no total de 50 mil, sendo que 20 mil chegam ao Brasil em setembro e o restante em outubro. A compra foi feita desta forma já que a empresa dinamarquesa produtora da vacina não-replicante não tem escritório no Brasil nem pretende abrir representação no país.

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