Seis escolas bilíngues serão montadas no Brasil até o próximo ano. São educandários voltados à inclusão social de estudantes surdos ou com deficiência auditiva e têm a Língua Brasileira de Sinais (Libras) como base de ensino. Das unidades que serão erguidas com recursos do governo federal, via Ministério da Educação, a escola de Laguna terá o maior investimento do país. Exatos R$ 5 milhões (sendo R$ 5 mil de contrapartida municipal) serão destinados para o colégio, que será feito do zero em um terreno do Portinho.
Além de Laguna, a cidade de Sinop, em Mato Grosso, também terá uma escola nova e receberá R$ 1,5 milhão para a construção. Já os outros colégios serão feitos em estruturas educacionais existentes que serão reformadas. São escolas localizadas em Esteio (RS) com investimento de R$ 3,6 milhões; Juazeiro do Norte (CE), R$ 544,4 mil; Florianópolis (SC), R$ 1,5 milhão; e Porto Alegre (RS), esta ainda com projeto em análise pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). Ao todo, R$ 13 milhões serão investidos no país para a montagem da rede de escolas bilíngue.
“A escola bilíngue mudará a história das pessoas surdas do município de Laguna e de toda a região. Sem dúvida seremos uma referência de educação da Língua Brasileira de Sinais como primeira língua para a pessoa surda”, destaca a secretária Juliana Fagundes de Carvalho.
Mais que um projeto, a escolha da cidade juliana para receber o aporte de investimentos do MEC teve uma razão simbólica. A possibilidade de o município receber a construção da unidade foi apresentada pela diretora de Políticas e Educação Bilíngue de Surdos do ministério, Crisiane Bez Batti, que é lagunense e foi uma das fundadoras da Associação Lagunense de Pais e Amigos dos Surdos (Alpas).
Na última segunda-feira, 20, Juliana leu uma carta escrita por Crisiane e direcionada aos vereadores de Laguna, durante sessão legislativa. No texto, ela recordou sua história de vida e demonstrou gratidão pelo recebimento da escola. Crisiane é surda e convive com essas dificuldades desde os primeiros anos de vida.
“Sempre imagino como minha vida teria sido diferente se eu tivesse frequentado uma escola bilíngue, se eu tivesse contato com a Libras e com a comunidade surda mais cedo. Teria me poupado muito sofrimento e é essa a oportunidade que a escola bilíngue em Laguna oferecerá para os surdos – a possibilidade de serem quem são – podendo aprender sua língua, se comunicar e aprender de forma confortável, de ter acesso à cultura e à cidadania”, disse.
O município, agora, espera a liberação oficial do recurso para iniciar os procedimentos de edital para licitação e construção do colégio.