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Escola usa jornal como meio de ensino e divulgação da comunidade

Ao longo do tempo, o jornal permitiu a conexão entre vários cantos do mundo e, mesmo com a dinamização e digitalização da comunicação, este bom (e velho) meio continua a servir como forma de integração e divulgação dos fatos, costumes e tradições de uma comunidade. Dentro desse objetivo, estudantes do ensino médico da escola estadual Santa Marta, no Farol, produziram um jornal escolar com uma miscelânea de conteúdos que atraem o leitor.
Divulgação/EEBSM

Durante muitos anos, o jornal foi a principal fonte de informação de uma localidade. Sua evolução ao longo do tempo permitiu a conexão entre vários cantos do mundo e, mesmo com a dinamização e digitalização da comunicação, este bom (e velho) meio continua a servir como forma de integração e divulgação dos fatos, costumes e tradições de uma comunidade. Dentro desse objetivo, estudantes do ensino médico da escola estadual Santa Marta, no Farol, produziram um jornal escolar com uma miscelânea de conteúdos que atraem o leitor.

A ideia nasceu nas aulas eletivas do Novo Ensino Médio (NEM) e envolveu não só os alunos do 2º ano, mas todo um conjunto de pessoas que atuam na escola Santa Marta, da direção ao corpo docente. “Consideramos que o jornal é um importante meio de comunicação, divulgação e construção do conhecimento assim como das relações sociais e culturais entre os membros dessa comunidade, e, que por meio dele poderíamos tanto tomar conhecimento de fatos importantes que acontecem na escola, como compartilhar com as comunidades aqui inseridas estabelecendo novos vínculos, sentidos e reflexões sobre eles”, aponta o educador Leonardo Andrade Peppeler, docente da disciplina eletiva de Cultura Digital.

Assim como numa redação profissional, cada um teve sua função bem definida. Os estudantes assumiram as posições de repórteres e saíram à caça de notícias e produção de conteúdo para as matérias que vão da safra da tainha às orientações da astrologia e de jogos de videogame populares. Os professores tiveram a tarefa de revisar, orientar e diagramar o jornal, esta última “missão”, consiste na produção gráfica e visual da publicação. Até a gestora da escola, Kathya Silveira Sirydakis, tem papel importante, conforme consta no expediente (relação de pessoas que atuaram na edição): ela é a diretora da publicação.

“O jornal escolar é também uma ferramenta pedagógica para o trabalho inter e transdisciplinar, por ser um espaço no qual se apresenta o debate de temas relacionados às experiências dos alunos e os conteúdos curriculares podem ser explorados, enriquecendo a participação dos alunos e contribuindo para uma escola conectada ao ambiente”, relata a professora. “É gratificante”, resume.

Experiência nova

Aqueles que estão entrando no meio do jornalismo são chamados de “focas”, uma denominação que ultrapassa décadas. Quase tão antiga quanto a pesca da tainha nas comunidades da ilha. Aliás, esse costume secular de jogar a rede no mar e dele buscar o sustento do dia a dia foi uma das principais matérias da primeira edição do Santa Marta News, dividindo atenções com uma reportagem sobre o Farol, que completou 130 anos.

Andrey do Carmo Laureano, 15 anos, é quem assina a matéria. “Foi uma experiência bem diferente, pois nunca tinha tido contato com desenvolvimento de um jornal. No começo do projeto acho que boa parte dos alunos estava bem ansiosa; outros, um pouco nervosos pelo mesmo motivo. Mas no decorrer do tempo, com o professor nos auxiliando, foi indo conforme o planejado”, comenta o jovem.

Entre os conteúdos que recheiam as 24 páginas, há relatos de outros alunos, conteúdos de matemática, sociologia, dicas de literatura, e até espaço para diversão e muitas curiosidades. “O maior desafio no desenvolvimento do jornal foi o conteúdo, o trabalho de desenvolver as matérias. No meu caso, na matéria sobre a pesca artesanal da tainha, tive que entrevistar alguns pescadores, fazer pesquisas na internet e, claro, sempre com auxílio do professor Léo. Mas no fim deu tudo certo. E, nossa, é muito massa fazer uma coisa e ser reconhecido. Teve várias pessoas da comunidade e de fora dela elogiando”, diz.

Outra “foca” que também se aventurou no mundo jornalístico foi Isabella Bitencourt, 16 anos. Para ela, o maior desafio foi produzir o jornal de forma virtual, devido às restrições sociais da pandemia do novo coronavírus. “Nos proporcionou fazer trabalhos interdisciplinares que envolveram todos os professores e matérias. Inclusive o meu texto foi escolhido dentre muitos, na disciplina de Português, que pedia para falar sobre o diário de uma adolescente. Conseguimos trabalhar em equipe, sendo que tivemos total autonomia, pois todos fizemos parte de cada etapa: pudemos escrever as matérias, passamos pelo processo para a escolha do nome do jornal, a paleta de cores, etc”, descreve a jovem. “A comunidade abraçou o nosso projeto, tivemos a oportunidade de entrevistar as pessoas e o apoio dos estabelecimentos foi essencial para que o nosso projeto saísse do papel”.

Criação colaborativa

“Finalizado todo o trabalho de criação de conteúdo e trabalhos com os demais professores, começamos a selecionar quais matérias entrariam para essa primeira edição, como também deixando alguns temas já pré-definidos para uma próxima – como são muitos alunos não conseguiríamos colocar todas as sugestões em um mesmo número”, revela Peppeler.

A ideia era envolver apenas a matéria eletiva de Cultura Digital, porém, a evolução do projeto mostrou que era possível – e necessário – unir as demais disciplinas do NEM. “Professores das demais áreas trabalharam sobre determinados temas juntamente dos alunos em sala de aula. Cabe bem destacar que as entrevistas e pesquisas extraclasse quase que em sua totalidade, foram realizadas virtualmente por meio de aplicativos como WhatsApp e formulários da Google, por exemplo”, detalha o educador.

Agora, o trabalho é produzir a nova edição que será divulgada ainda este mês. Os jovens jornalistas revelam alguns assuntos que devem ser tratados no número mensal de julho: cota da tainha, violência contra mulher na pandemia. “Também iremos falar sobre os diferentes tipos de vacinas, abordar sobre como são feitas e suas reações, proteção, jogos olímpicos, queremos sempre abordar um ponto turístico da região entre outros”, completa Isabella.

O Santa Marta News é distribuído em grupos de WhatsApp e através de uma plataforma de leitura virtual (leia o jornal abaixo). Uma cópia impressa também foi espalhada em alguns pontos das comunidades que formam a região da ilha. Muitos estabelecimentos comerciais das localidades apoiaram a publicação, por meio de patrocínios.

Jornais escolares em Laguna

Na imprensa de Laguna não foram poucas as instituições de ensino da cidade que imprimiram jornais escolares e estudantis, sejam com conteúdos voltados ao lado educacional ou mais direcionados para o registro da vida de estudante.

O Collegio Duarte teria sido o primeiro, ao ser lançado em 1900, como órgão de divulgação da escola particular fundada pelo professor João Maria Duarte em 1882, na cidade. A publicação não teve muitos exemplares.

O jornal A Escola existiu entre 1914 e 1916 e serve como fonte histórica dos primeiros anos da extinta escola Jerônimo Coelho. O periódico foi idealizado pelo então diretor José dos Santos Areão. Em 1923, o mesmo colégio editou o jornal D. Sancho.

Na década de 1970, surgiu no então Conjunto Educacional Almirante Lamego, o matutino O Diálogo e depois veio O Corujão, lançado por estudantes do antigo Colégio Comercial Lagunense (CCL). Mais recentemente, a escola Saul Ulysséa, em Cabeçuda, publicou de forma virtual o jornalístico InfoSaul e o colégio Professora Elizabeth Ulysséa Arantes lançou o Betinha News.

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