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Caso de homônimo envolvendo vice-prefeito chama atenção na lista de vacinados de Laguna

A lei da lista de vacinados foi aprovada em abril e promulgada pela Câmara (ato do presidente quando o prefeito não sanciona a lei), obrigando a divulgação. Por duas semanas, a prefeitura ficou emitindo um comunicado padrão assinado por Gabrielle e com respaldo jurídico de que a publicação da planilha de nomes não era possível por ferir a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). Tramita no Legislativo uma proposta que pode modificar a lei, para adequar a divulgação à LGPD.

Com mais de 11 mil nomes (considerando apenas primeira dose), a lista de pessoas imunizadas contra o novo coronavírus permite formular curiosidades sobre a população da cidade, mas também trouxe muitas dúvidas. A principal delas é se o vice-prefeito Rogério Medeiros (PSDB) teria se vacinado antes dos grupos prioritários, definidos pelo programa de imunização nacional.

O assunto voltou a ser levantado na Câmara de Vereadores de Laguna nesta semana, com pronunciamento forte do presidente do Legislativo e colega de partido, Rhoomening Rodrigues (PSDB). “A gente entende porque demorou, pelos boatos que se situavam na cidade, fortíssimos, de que pessoas tinham furado a fila da vacinação, pessoas próximas à prefeituras, com parentescos de servidores da prefeitura e isso os incomodava e nos éramos cobrados diariamente nas ruas. Cobramos bastante e felizmente ou infelizmente, a listagem saiu depois que foi autorizado para pessoas com comorbidade. E aí facilitou, né? Quem havia tomado, levou um atestado e entrou na lista de vacina”, disse, na tribuna, citando o vice-prefeito. (Assista o discurso no fim do texto)

A secretária de Saúde, Gabrielle Siqueira, rebate a alegação e pontua que a lista só saiu após a prefeitura ter se cercado de orientações jurídicas. “Alguns dados foram ocultados em razão da Lei Geral de Proteção de Dados e gostaríamos de informar que, apesar disso, ela foi com o nome dos pacientes e isso pode gerar homônimos e gerou, por coincidência, com o nosso vice-prefeito. Tem nome e sobrenome iguais, porém, data de vacinação diferente”, afirmou ao Portal Agora Laguna. A mesma relação é enviada semanalmente ao Ministério Público (MP) da cidade.

A existência de dois registros para Rogério Medeiros é considerado caso de homônimo. Um é nascido em 1951 e foi vacinado em 31 de março, que bate com o período em que houve a vacinação de pessoas com mais de 70 anos. O outro nasceu em 1968 e este é o vice-prefeito de Laguna, imunizado em 19 de maio, na condição de portador de comorbidade (cardiopatia). Ambos receberam doses da Coronavac, vacina do laboratório Sinovac e Instituto Butantan.

Em entrevista ao Jornal da Manhã, da Rádio Difusora, o vice-prefeito afirmou que sente triste com toda a situação. “Faz parte do Legislativo, busca, fiscalizar, mas não esperava [essa polêmica]. Tive dois mandatos naquela Casa e pessoas que trabalharam ali ao meu lado sabem da minha integridade”, lamentou. “Toda a sexta-feira é mandada a relação para o MP, que é um fiscalizar. Não tem nada [de fura-fila] […] “, afirmou.

Medeiros também reforçou que poderia ter se vacinado como profissional de saúde, mas como está afastado da área por ter sido eleito vice-prefeito, não tentou usar da condição para furar a fila de grupos prioritários. Disse à emissora que sua esposa, Maria Shirlene de Medeiros, mencionada nos boatos, não recebeu vacinas, e que sua filha, psicóloga, já se imunizou por estar dentro das condições exigidas por ser profissional de saúde.

A lei da lista de vacinados foi aprovada em abril e promulgada pela Câmara (ato do presidente quando o prefeito não sanciona a lei), no início deste mês, obrigando a divulgação. Por duas semanas, a prefeitura ficou emitindo um comunicado padrão assinado por Gabrielle e com respaldo jurídico de que a publicação da planilha de nomes não era possível por ferir a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). Tramita no Legislativo uma proposta que pode modificar a lei, para adequar a divulgação à LGPD.

‘Não sou o vice-prefeito’

Agora Laguna também ouviu Rogério Medeiros (o homônimo, de 1951) e este mencionou já houve casos em que foi confundido com Rogério Medeiros (o vice-prefeito), inclusive, teve uma encomenda enviada por engano para a prefeitura, quando deveria ter recebido em sua residência. O episódio também foi citado pelo político na entrevista à rádio.

“Não sou o vice-prefeito, ele apenas é meu homônimo”, reforçou na entrevista, além de dizer que se sente bem depois das duas doses da vacina. Medeiros homônimo afirmou, também, que não teve contato com o vice após esse caso, e disse que teve conhecimento por conta da lista, já que foi contatado pela equipe da Secretaria de Saúde. “É muito chato, né? Devia haver mais seriedade com o ser humano. Todo mundo precisa da vacina, por quê fazer pouco caso dos outros? […] Lamento por ele [toda a situação], me parece ser um camarada legal, ao menos, foi comigo”.

De acordo Medeiros, o vice, há ainda mais um terceiro homônimo deles na cidade. A lista completa está disponível, aqui.

Ouça as entrevistas



Veja o pronunciamento do presidente da Câmara