Homem morre em casa e leva cerca de 12h para ser sepultado, em Laguna

Assim que perceberam que Álvaro não estava responsivo, foi acionado o serviço de socorro, que atestou a morte. Porém, não havia nenhuma documentação por perto que o identificasse. Sem solução, foi buscado apoio na Secretaria de Saúde (SMS). Era por volta das 11h, quando um médico da Unidade Básica de Saúde do Progresso foi até lá, após ter concluído os atendimentos já agendados no posto, mas não pôde emitir a declaração de óbito. A situação deixou vizinhos e família revoltados.
Foto: Elvis Palma/Agora Laguna

Álvaro Deolinda, catador de sucata, morador da região conhecida como ‘Casqueiro’, entre o Progresso e Campo de Fora, era uma pessoa muito conhecida na localidade e muito querida pelos vizinhos. De causas naturais, agradavas pelo alcoolismo, faleceu por volta das 6h, desta quinta-feira, 15. A família, enlutada, tentou agilizar o processo fúnebre e garantir um sepultamento digno, mas teve de aguardar cerca de 12 horas para conseguir concluir tudo isso.

Uma situação tensa que envolveu órgãos do poder público e do setor de segurança da cidade e que só foi resolvida perto do final do dia. Assim que perceberam que Álvaro não estava responsivo, foi acionado o serviço de socorro, que atestou a morte. Porém, não havia nenhuma documentação por perto que o identificasse. Sem solução, foi buscado apoio na Secretaria de Saúde (SMS). Era por volta das 11h, quando um médico da Unidade Básica de Saúde do Progresso foi até lá, após ter concluído os atendimentos já agendados no posto, mas não pôde emitir a declaração de óbito. A situação deixou vizinhos e família revoltados.

Diante da ausência de identificação, a Polícia Militar (PM) foi acionada pela SMS e pelos populares. Uma guarnição esteve no local. Ocorre que, quando uma pessoa morre e não há documentos, ela é classificada como indigente. Recolhido o corpo pelo Instituto Geral de Perícias (IGP) ou Instituto Médico Legal (IML), ele vai para um espaço reservado e depois de alguns dias, não havendo identificação, é enterrado desta forma. Esse parecia ser o caminho de Álvaro, mas foi encontrado um documento.

“Consegui os documentos do meu primo eram 11h40. Já são quase 16h42 e se passaram cinco horas. Os órgãos de Laguna não olham para o povo lagunense, agora para o turista eles olham. Somos excluídos da sociedade”, reclamou Matusalém da Silva, 39 anos. Silva conta que no dia anterior, o homem começou a dar sinais que não estava bem, foi tentado levá-lo para atendimento médico, mas ele recusou.

Com a confirmação de identidade, o caso voltou a ser atendido pela SMS, mas a informação só foi comunicada à prefeitura por volta das 14h45. Quando a família não tem condições de arcar com as custas funerárias e tem renda baixa, o município auxilia financeiramente, já que há previsão legal para isso.

“Vim aqui, conversei com a família. A Acustra também está envolvida, por estarem aqui perto e a família tinha pedido um auxílio para eles. O boletim de ocorrência da PM foi encerrado pouco depois das 14h e assim que soube, vim para cá, pois a declaração de óbito é com a Secretaria de Saúde. Liguei para a funerária, expliquei que eles têm direito ao auxílio-funeral”, disse a secretária Gabrielle Siqueira.

A família já possui uma sepultura no cemitério municipal, o que facilitou o andamento do processo. Com a declaração de óbito em mãos, uma funerária foi acionada e o corpo sepultado às 18h. Álvaro Deolinda tinha 54 anos de idade.

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