80 anos do rei Roberto Carlos através da coleção de dona Neusa: ‘Ouço todos os dias’

Há algumas relíquias como Roberto Carlos em ritmo de aventura, lançado em 1967. Jovem Guarda, de 1965, também faz parte do acervo particular. Tem os mais ‘recentes’, de 1982, 1984 e 1988, volumes que levam o nome do artista. O disco de 1976, um dos muitos com versão em espanhol, é um dos que ganha lugar de destaque. E claro, os CDs lançados a partir dos anos 90 também integram o acervo.
Foto: Arquivo pessoal

Roberto Carlos completa 80 anos nesta segunda-feira, 19. O artista de Cachoeiro do Itapemirim (ES) tem lugar muito importante na história da música nacional. Da fase da juventude às nuances mais românticas de suas composições, segue encantando muitos fãs pelo país. Neusa Lopes Rosa, 78, moradora do Magalhães, é uma delas.

A ‘paixão’ pelo rei, como ficou conhecido, começou ainda na década de 1960. Era a época da Jovem Guarda, movimento musical que se conectava à juventude e trazia a pegada do rock and roll e do soul dos Estados Unidos para o cancioneiro brasileiro. Ao capixaba, somaram-se Wanderleia, Erasmo Carlos, Ronnie Von, Paulo Sérgio, Os Vips e tantos outros artistas. Além da música, comportamento e a moda eram ditados por Roberto e sua turma.

Orgulhosa, Neusa guarda uma coleção de vinis que ajudam a contar a obra do rei e permitem mostrar como foi sua evolução musical. Há algumas relíquias como Roberto Carlos em ritmo de aventura, lançado em 1967. Jovem Guarda, de 1965, também faz parte do acervo particular.

Tem os mais ‘recentes’, de 1982, 1984 e 1988, volumes que levam o nome do artista. O disco de 1976, um dos muitos com versão em espanhol, é um dos que ganha lugar de destaque. E claro, os CDs lançados a partir dos anos 90 também integram o acervo. “É uma coleção imensa. Passa uns ali na televisão, mas a minha é maior”, brinca a professora aposentada.

“Sempre fui fã de música. Se estou em casa, cozinhando, arrumando as coisas, estou sempre ouvindo música. E nisso, me apaixonei pelo Roberto Carlos. Comecei a comprar os discos, né, tinha vitrola em casa, e depois os CDs. É um amor, uma paixão, uma amizade de muitos anos. Mais de 50 e eu ouço todos os dias!”, completa. “Meu ídolo”, resume.

O Portal Agora Laguna conversou com dona Neusa por telefone. A cada resposta, um trecho de uma música do rei era mencionado. Perguntada se havia um disco preferido, desconversou cantando: “Eu tenho tanto pra lhe falar, mas com palavras não sei dizer”. Insistimos para saber se havia alguma canção em especial que lhe atraía preferência. “São tantas. É difícil”, respondeu, mas confessou: “‘Nossa Senhora’ é uma devoção muito linda; ‘Jesus Cristo’, também”.

Em um dos cômodos da casa, há uma foto que registra Neusa ao lado de um grande quadro de Roberto Carlos. “Nessa pandemia, ele continua não nos deixando triste. É só alegria. Que ele continue assim, sempre com Deus no coração. Sempre o vejo alegre, nunca triste. Desejo paz, saúde e muitos anos”, completa Neusa, que, certamente, ao encerrar a ligação com a reportagem foi ouvir mais um pouco do aniversariante. “Ele é um moço né? Nem parece que tem 80 anos”, se diverte.

Foto: Arquivo pessoal

Rei tem espaço no rádio da cidade

“Roberto Carlos e suas melhores músicas”. Aos sábados pela manhã, quando ouve a locução, Neusa dá uma pausa no CD player. É que nesse horário, a Rádio Difusora transmite o Clube do rei e ela para ouvir as canções. A atração da 91,5 FM é a única da cidade voltada exclusivamente às músicas compostas por Roberto Carlos. “Escuto sempre. Afinal é o rei né?”, diz a professora.

O programa é comandado pelo radialista Vânio Santos, 64, que resgatou a ideia em 2018, depois de já ter apresentado uma primeira versão da atração no começo dos anos 2000. “A minha ideia foi de trazer os bons tempos através das canções do rei Roberto. Quando criei o programa não havia muitos CDs do rei na rádio, aí consegui montar umas seleções e inventei a atração”, relembra Santos.

No estilo de musicais inspirados por Roberto Carlos e a sua Jovem Guarda, o rádio de Laguna já viu surgir programas de auditório como Musicruz Show, Tijolinho gamado e Com Batista a brasa mora, ambos apresentados pelo iniciante Batista Cruz, e também Sucelso, com Celso Brum. “Teve muitos outros também. Os apresentadores criaram tanto aqui na Difusora quanto na Garibaldi [emissora extinta em 2017]. Era ‘Hora do Rei’, ‘Roberto Carlos canta para juventude’… É algo que nunca vão esquecer”, completa o radialista.

Santos também recorda outro momento: quando Laguna recebeu o rei por duas oportunidades. Uma vez se apresentou no Laguna Tourist Hotel, cujo line-up de apresentações chamava muita atenção (nos anos 70, viriam Gal Costa, Ney Matogrosso e tantos outros) e a outra foi no Congresso Lagunense, entre os anos 60 e 80.

Roberto Carlos

Capixaba, Roberto Carlos Braga nasceu em 19 de abril de 1941. Sua carreira musical começou na década de 1960 e estourou a partir do programa de auditório Jovem Guarda, exibido entre 1965 e 1968 pela TV Record de São Paulo. São dessa época, hits como ‘Splish Splash’, ‘Parei na Contramão’ e ‘Quero que tudo vá para o inferno’.

Também atuou em filmes como Roberto Carlos em ritmo de aventura e 300 por hora, filmados entre o final dos anos de 1960 e 1970. É nesta última década que ele se aproxima do lado religioso com canções como ‘Jesus Cristo’ e começa a apresentar um programa especial de final de ano na TV Globo – apenas em 1998 e 2020, a atração não foi ao ar de forma inédita.

Já são mais de 40 discos em português, 20 em outros idiomas e cerca de 15 ao vivo. Roberto também gravou cinco EPs e já foi trilha sonoras de inúmeras novelas, principalmente na emissora onde apresenta seu especial. ‘Sereia’, de 2017, foi a composição mais recente que fez para um folhetim (A força do querer, do mesmo ano).

Roberto Carlos e a Jovem Guarda, anos 60. Divulgação/Site Oficial Roberto Carlos

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