Paciente de Laguna com variante da Covid está curada; descoberta foi em teste aleatório

Curada, a mulher de 32 anos aconselha que as pessoas redobrem a atenção e os cuidados de prevenção quando ao novo coronavírus. Até o momento, apenas ela testou positivo para a variante brasileira P.1.
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A notícia de que Laguna está entre as cidades de Santa Catarina com caso confirmado da variante brasileira do novo coronavírus (identificada cientificamente como P.1.) causou surpresa no município, no setor local de saúde e sobretudo na paciente. A mulher, de 32 anos, recebeu a notícia cerca de duas semanas após ter se curado da contaminação.

Sem querer ser identificada, a paciente conversou com a reportagem do Portal Agora Laguna e contou que nunca imaginou que pudesse ter se contaminado com a variante e revelou ter se surpreendido quando recebeu, um dia antes da divulgação sobre a variante, uma ligação do setor epidemiológico estadual questionando como ela estava se sentindo. Ao responder que passava bem, perguntou se a funcionária do órgão desejava conversar com o marido ou o filho, que também tiveram contaminação confirmada por coronavírus, mas ela disse que não.

“No domingo [7 de março], vi a notícia da variante, a idade e achei estranho. Na segunda de manhã, liguei e disse que queria saber se eu era o caso confirmado e ela disse que sim, e explicou que meu teste tinha sido encaminhado para Fundação Oswaldo Cruz, no Rio”, recorda a paciente. Diferente do teste de coronavírus, a investigação da variante requer estudo tecnicamente mais aprofundado e acaba levando dias para ser concluído. O estado ainda não possui condições técnicas para a realização desse mapeamento genético e usa a estrutura da Fiocruz, por ser o laboratório-referência.

“Essa testagem positiva ocorreu no fim de janeiro e foi identificada como forma autóctone de transmissão – ocorrida dentro do próprio estado de Santa Catarina)”, explica a enfermeira Gleice Cristine Martins Goularte, da Vigilância Epidemiológica de Laguna. O caso provocou surpresa para a Secretaria de Saúde da cidade que só foi comunicada oficialmente do resultado positivo na semana seguinte à confirmação. “Como a presença da nova variante foi confirmada, a tendência é de que novos testes sejam realizados, mas não temos até o presente momento, informações oficiais de que outras investigações estejam ocorrendo”, completa a profissional.

Portal Agora Laguna questionou ao governo estadual sobre os critérios usados na avaliação de quais amostras são testadas e a informação da Secretaria de Estado da Saúde (SES) confirma que a “escolha é aleatória”. À reportagem, a assessoria da pasta também indicou que o alto número de mortes em Laguna desde o começo do mês pode estar relacionada com a presença da variante.

Afirmação preocupante sobre a presença da variante havia sido feita pelo secretário estadual de Saúde, André Motta Ribeiro, à Rádio CBN Diário, de Florianópolis. “Nós temos aqui a doença grave com a cepa P1. Somos o epicentro dessa cepa brasileira. Em SC, 65% das pessoas são contaminadas com a cepa nova – mais a região toda: Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Paraná”, disse, na entrevista em 10 de março.

‘Acho que ficaram algumas sequelas’

O coronavírus entrou no cotidiano da família da paciente na segunda semana de janeiro. O primeiro a contrair foi o marido, que nos primeiros sintomas não parecia estar com Covid-19 até o surgimento de febre, e depois o filho. Ela foi a última e só a filha não teve resultado positivo de contaminação.

“Não perdi paladar e olfato. Sentia dor de cabeça, nos olhos, cansaço extremo sem poder conversar direito e caminhar, as pernas tremiam e dava sensação que iria desmaiar”, revela.

Curada desde 13 de fevereiro, a moradora de Laguna afirma que pode ter ficado com sequelas. “Acho que ficaram. Tenho notado perda de memória, tinha uma lembrança muito boa, mas tenho dificuldade. Se eu converso contigo, esqueço teu nome; se eu não anotar, esqueço em dez minutos… E também estou com uma dor estranha no pé”, comenta, dizendo que vai procurar orientação médica para essas possíveis sequelas.

A paciente, porém, aconselha que as pessoas redobrem os cuidados redobrados para evitar se contaminar com o vírus e suas variantes. Mesma orientação é dada pela enfermeira. “Importante reforçar a população os cuidados sanitários e medidas de isolamento aos que puderem cumprir, retornar com a campanha inicial da pandemia ‘fique em casa’. A  nova variante é mais transmissível, mais contagiosa e implica no agravamento da doença”, pontua Gleice.

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