‘É um caso difícil’, diz delegado da DIC sobre desaparecimento de Diego Scott

Foto: Luís Claudio Abreu/Agora Laguna

Três semanas após o desaparecimento de Diego Bastos Scott, 39 anos, o delegado Bruno Fernandes, titular da Divisão de Investigação Criminal (DIC) de Laguna, detalhou os trabalhos que a Polícia Civil vem realizado para elucidar o caso. Em entrevista ao Portal Agora Laguna, Fernandes diz que considera essa como uma das investigações mais difíceis já realizadas pela DIC.

Os policiais civis começaram a atuar no caso ainda na primeira semana do desaparecimento, depois de terem concluído as investigações referentes ao sumiço de Ademir Bento de Mattos, 54 anos, encontrado sem vida na Praia do Gi.

“O objetivo da investigação não é só encontrá-lo – seja, infelizmente, sem vida ou ainda com vida – como também, em função das nossas atribuições, é apurar eventual crime contra a vida que tenha sido praticado em detrimento do Diego”, frisa o delegado. Veja a entrevista acima.

A DIC tem feito várias buscas, no entorno da estação de captação da Casan na praia do Gi, inclusive com uso de helicóptero, em uma área de mata de acesso e locomoção difícil. Paralelo a isso, os policiais trabalham na análise de meios de prova acautelados para, segundo Fernandes, “evitar o perdimento ou o perecimento”.

“Nós sabemos que ele foi deixado lá e a gente está nesse trabalho de analisar o que foi produzido e, sobretudo, começar a excluir informações que não são de relevo e possivelmente estão prejudicando”, diz o delegado. O titular da DIC também explica que a jurisdição do caso, em virtude de uma lei de 2017, pertence à Justiça Militar e à própria Polícia Militar (PM), e que a Polícia Civil ingressou na investigação como um complemento aos trabalhos.

Na entrevista ao Portal, concedida nesta segunda-feira, 8, Fernandes detalhou que o pedido de afastamento dos policiais foi solicitado pela DIC durante a fase de coleta de provas que ajudem a elucidar o caso, após ter sido detectada uma possível “interferência”. “Sentimos que teve eventual interferência no início das investigações por algumas condutas que foram praticadas por eles e como forma de acautelar e tentar livrar e desembaraçar de qualquer tipo de interferência, é que foi postulado pelo afastamento deles […] Não se trata de presunção de culpa, nem nada nesse sentido; mas sim de tentar blindar a investigação de qualquer ingerência”, justifica.

O delegado confirma inexistência de imagens das câmeras do fardamento, como já revelado pelo Portal, e aponta que o sistema de GPS na viatura não existe mais, pois o serviço passou a ser registrado através do tablet usado pela guarnição. “Os aparelhos eletrônicos foram enviados para a perícia e confirmam, em tese, a última versão apresentada no sentido de terem deixado próximo da estação da Casan. Mas estamos em análise, tentando montar esse quebra-cabeça”, comenta.

“É um caso difícil, que não tem nem perícia para fins de locais de crime que possa auxiliar [a descobrir] causa da morte se de fato vir a estar em óbito. É um caso que parte da região de Barbacena, que é um descampado, sem imagens e nenhuma testemunha. Mas é como qualquer outro, independente de se tratar do setor policial ou não, vem sendo investigado”, pontua.

Buscas continuam

Na segunda-feira, 8, os policiais voltaram a fazer buscas na região do Gi. O local é formado por mata, estradas de chão de conservação prejudicada devido à chuva e inúmeros banhados.

Na mesma localidade, familiares e amigos de Diego Scott também têm feito buscas por conta própria. No começo da última semana, eles esvaziaram uma piscina desativada em um antigo camping no Laguna Internacional, mas sem nenhum sinal. Uma denúncia anônima dava conta que Diego poderia ter sido deixado no local.

Caso Diego Scott

Diego Bastos Scott, 39 anos, desapareceu no dia 15 de janeiro após uma discussão familiar em sua residência no bairro Progresso. A Polícia Militar (PM) foi acionada para apartar a situação e o homem foi colocado dentro da viatura e teria sido deixado no Laguna Internacional, mas no boletim original, constava que ele não estava no local.

Depoimentos divulgados com exclusividade pelo Portal mostraram que a versão dos policiais foi alterada, depois de as imagens da câmera de segurança de uma residência próxima terem confirmado que Scott foi posto na viatura.

Divulgação/DIC Laguna