Diretoria do Blondin recebe chaves de sede restaurada

Com mais de 70 anos de festas e bailes de carnaval que marcaram época, o prédio do centenário Clube Blondin foi devolvido à diretoria da entidade após um ano e meio de obras. O Blondin é um dos mais tradicionais do município e completou 133 anos há exatos um mês.

A obra foi custeada com recursos do PAC das Cidades Históricas, que destinou mais de R$ 1,4 milhão para a restauração. “É de suma importância, tanto cultural como emocional, pois várias pessoas passaram por esse clube. Então, cada pessoa ao entrar por essa porta vai ter emoções inenarráveis”, descreve o atual presidente do clube, Alexandre da Silva.

O Blondin surgiu em 1887 como um clube voltado para a prática de ginástica, com sede na rua Gustavo Richard. Em 1907, a entidade – já reformulada e voltada para eventos sociais – se mudou para a praça Vidal Ramos, ocupando um prédio que hoje é a sede do Iphan.

Em 1943, foi para atual sede, cuja edificação passou por modificações ao longo dos anos para receber, por exemplo, uma quadra para a prática do futebol de salão. No clube, já se apresentou o Casino de Sevilla, mais antiga orquestra-show criada na Espanha, em uma rápida passagem no ano de 1954.

“Além de ser um ato simbólico, estamos devolvendo um espaço que tem uma arquitetura relevante no Centro, ao lado da igreja matriz, da Casa de Anita. Além disso, tem as questões ligadas ao aspecto emocional das pessoas, pois é um espaço simbólico de lembrança e de socialização, por isso a importância dessa entrega”, comenta a arquiteta Ana Paula Cittadin, chefe do Escritório Técnico do Iphan em Laguna.

De acordo com Silva, ainda não há previsão para que o espaço volte a receber eventos devido à pandemia do novo coronavírus. A entrega das chaves foi realizada com a presença de representantes do Iphan, Blondin, prefeitura e da Construtora Peifer, empresa responsável pela obra, todos usaram máscara e respeitaram o distanciamento social.

Foto: Luís Claudio Abreu/Agora Laguna

O que foi feito na estrutura

A engenheira civil Monique Peifer, responsável pela obra, detalhou à reportagem os processos realizados na obra do Clube Blondin. Por ser um prédio histórico, foi necessário manter as características originais da construção, porém, houve permissão para algumas adequações necessárias para atualizar a edificação à realidade atual.

“A gente sabia que ia ter um desafio enorme pela frente, pois tanto a estrutura da cobertura como da própria edificação e principalmente o piso estava muito deteriorado, quase que com 100% de danos devido à umidade”, conta Monique. Outro empecilho encontrado na hora de começar os trabalhos foi o mapeamento de danos, que apresentava a realidade da estrutura até 2014, quando o projeto de restauro foi feito.

Recolocação do piso – Foto: Arquivo Peifer Engenharia

A engenheira também revela que a planta inicial não previa a reconstrução do piso da pista de dança do clube, mas a empresa buscou formas de viabilizar em razão da importância estética para o conjunto arquitetônico. O assoalho foi feito na técnica de marchetaria parquet, cuja construção é totalmente artesanal e tem raiz milenar. Para a reconstrução, a empresa contou com auxílio de mão-de-obra especializada.

A cobertura do edifício foi reconstituída em telha capa-canal e madeira-de-lei, com o forro sendo preservado, com apenas algumas partes precisando ser refeitas devido à deterioração causada pelo tempo.

O anexo ao clube feito nos anos posteriores à construção original recebeu melhorias, assim como o palco também passou por processo de reconstrução. Um banheiro para pessoas com necessidades especiais também foi preparado e um novo banheiro também foi feito para atender melhor os futuros usuários do local.

“Outra parte totalmente nova são os decks da entrada e dos fundos, e o paisagismo, iluminação e gradis em alumínio”, acrescenta Monique. A engenheira também destaca a interação com a população feito através do tapume da obra, que apresentou inúmeras fotos da história do Blondin.

“Para toda a equipe é muito gratificante entregar a obra para a diretoria do clube, através do Iphan, que viabilizou o recurso, em tão pouco tempo, mas com a excelência que a Peifer prima. O processo não foi fácil, porém, ver concluído com muita perfeição nos traz felicidade”, agradece Monique.

Foto: Luís Claudio Abreu/Agora Laguna