Nem bem havia acabado a cerimônia de instalação da corporação, e a primeira equipe do Corpo de Bombeiros Militar, à época ainda vinculado à Polícia Militar, teve de sair para sua primeira ocorrência, extinguindo o fogo que consumia o depósito de uma loja no bairro Portinho e algumas residências, com perda parcial. Nesta sexta-feira, 18, faz 25 anos desse fato e também da implantação do órgão em Laguna.
Foi em 1995, que oficialmente a corporação foi instalada em Laguna, após muita movimentação da sociedade empresarial e civil que resolveu acabar com um anseio antigo do município em ter uma organização pronta para prestar auxílio à comunidade.
Para conseguir isso, entidades locais como a Associação Empresarial de Laguna (Acil) e os dois clubes do Rotary se movimentaram pela causa. Em contato com o comando estadual dos bombeiros, foram informados de que era possível montar um pelotão na cidade, mas que deveriam construir o prédio-sede. O quartel foi erguido ainda naquele ano, junto à sede da Polícia Militar (PM), no Mar Grosso.
Após pressão das entidades, o governo estadual equipou e destacou homens para atuar no pelotão. O início foi com 14 bombeiros e com apenas duas viaturas: uma para combater incêndio e outra para transporte do pessoal.
“No começo há aquelas dificuldades iniciais como falta de equipamento e de efetivo. Começamos com poucas pessoas, mas com muita vontade de trabalho. Em questão de efetivo tivemos um dos melhores do estado”, recorda o subtenente da reserva Arcenio Civindini, primeiro comandante dos bombeiros.
Ao Portal Agora Laguna, o ex-militar relembra uma das ocorrências que lhe marcou. “Na região do posto Lagoa [referência, em Cabeçuda], uma carreta tinha perdido a lona e freado, um carro que vinha atrás também parou, mas um segundo caminhão o acabou prensando. Fomos até lá e, por coincidência, era o noivo de uma sobrinha minha. Nós retiramos o paciente das ferragens e ele teve apenas uma fratura no braço. Foram várias ocorrências marcantes”, recorda.
Sonho
O cabo Reges Rodrigues Cardoso contou que o sonho de criança sempre foi ser bombeiro, acompanhando os passos do pai, que também foi militar da corporação, e, por isso, pôde ver um pouco do início dos bombeiros em 1995, com as viaturas antigas. “Hoje posso trabalhar com equipamentos de ponta e com colegas na mesma idade que eu em tempo de efetivo e ao mesmo trabalho com aqueles bombeiros que eu via quando criança. Isso para mim me realiza, eles trabalharam ao lado do meu pai e hoje comigo”.
Uma de suas memórias é do primeiro dia de serviço. Transferido de Tubarão para Laguna, cerca de quinze dias após o nascimento do filho, ele recorda que foi para o quartel um pouco triste naquele dia, pois ficaria longe do herdeiro. “Quando chego no quartel me deparo com uma parturiente entrando em trabalho de parto no carro, e fizemos o parto na ambulância no quartel. Foi uma das coisas que mais me motivou. Realizando o sonho com chave de ouro”. Relembre a história aqui.
Gratidão é o sentimento comum entre os bombeiros da corporação. Com mais de 30 anos de experiência militar e com uma década de atuação em Laguna, o subtenente Nilson Ancelmo deixa isso bem claro.
“Nossa cidade ao longo destes 25 anos soube valorizar os serviços dos abnegados bombeiros militares e isso nos deixa muito honrados. Eu particularmente me sinto orgulhoso de pertencer à esta corporação que prima em atender a todos os cidadãos lagunenses pautados no nosso lema: ‘Vidas alheias e riquezas salvar’”, diz o militar. “Foram muitas as ocorrências atendidas ao longo destes anos. Lamentamos muito a perda de vidas e de bens materiais; mas sempre estaremos prontos”.
Evolução
Sétimo a comandar a corporação, o capitão Marcos Leandro Marques – hoje comandante em Braço do Norte – relembrou à reportagem alguns momentos do período em que foi bombeiro em Laguna. Marques foi o primeiro lagunense a liderar a corporação e teve um papel importante na história dos bombeiros.
Assim que assumiu o comando, em março de 2013, ele traçou uma meta: construir um quartel próprio para os bombeiros. A sede erguida em 1995, era um local ‘provisório’, mas que durou mais de 20 anos. Para tirar o desejo do papel foram necessários três anos: um para obter o terreno, mais um para a licitação e um para a construção, até sua inauguração em setembro de 2016.
“O quartel que tem 750 metros quadrados foi feito com recursos das taxas que recebemos das vistorias e análise de projetos, com pavimentação feita com verba do governo do Estado. Foi quase um milhão investido”, recorda Marques. Junto com a nova sede, também vieram novas viaturas e um novo caminhão. “É uma grande alegria estar comemorando os 25 anos e ver que o quartel, hoje, é digno e como a nossa cidade merece, sendo bem estratégico”, avalia.
O investimento foi completo. Além de abrigar a corporação com mais comodidade, o quartel ganhou um centro de treinamentos de combate a incêndio completo e que segue em constante melhoria. Hoje, os bombeiros que ingressam na corporação em Santa Catarina vêm treinar em Laguna. Recentemente, militares de outros estados conheceram e utilizaram a estrutura para treinamento. “É motivo de orgulho para todos nós”, comemora o ex-comandante.
Planos para o futuro
Comemorando dois anos a frente da corporação, o primeiro tenente Henrique Schuelter fala da missão. “Comandar Laguna é um desafio diário, a gente tem um efetivo pequeno para tanta demanda; todos aqui são comprometidos”, diz. Atualmente são 17 bombeiros.
Apesar dos percalços do dia a dia, o oficial diz ser um prazer estar no quartel, por ficar entre amigos. Schuelter se orgulha de já ter efetuado reformas nos postos guarda-vidas, uma ambulância, material para combate a incêndio florestal, equipamentos individuais para os mergulhadores, entre outros. “Somos o pelotão com maior número de mergulhadores”, diz.
Para o próximo ano, o comandante adianta alguns dos planos. Após muitas tratativas, o Corpo de Bombeiros conseguiu autorização para abrir licitação para a conclusão da pavimentação com lajotas do centro de treinamento. O edital foi publicado na quinta-feira, 17.
“Temos um processo na prefeitura que a gente está aguardando o repasse de um recurso que é nosso para poder concluir o quartel de Laguna, o que gostaríamos de ter feito esse ano, mas ainda estamos esperando o edital”, antecipa.
Schuelter também projeta a criação de um simulador de edificações verticalizadas, mas o objetivo principal é construir uma sede náutica ao lado do Iate Clube, em parceria com a prefeitura. Recentemente, a Secretaria do Patrimônio da União (SPU) repassou a cessão de uso desse terreno para o município. “É prioridade para o ano que vem”, frisa.
Outro projeto é fazer uma piscina semiolímpica, fechada, coberta e aquecida, nos fundos da sede da corporação. “Laguna ainda não tem uma piscina do gênero e vai permitir que a gente faça projetos sociais com as crianças da cidade e também treinar os guarda-vidas que vão atuar na temporada”, justifica.