Iniciada em todo o país na terça-feira, 18, a greve dos funcionários dos Correios teve adesão de carteiros e alguns atendentes na agência de Laguna. A filial da estatal na cidade está atendendo em horário reduzido (das 9h às 11h e das 13h às 15h) com apenas dois atendentes. Apenas o setor de atendimento, com a possibilidade de fazer postagens de cartas ou encomendas está ativo, mas sem garantir prazos de entrega.
A greve foi anunciada no fim da noite de segunda-feira, 17, pela Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos e Similares (Fentect), que estima ter captado apoio de 70% da classe postal no país.
A Justiça determinou que o acordo coletivo entre empresa e empregados fosse bianual, mas a estatal recorreu e até o momento não houve resposta judicial sobre o tema. Com isso, os Correios reeditaram uma nova proposta mais desidratada em relação ao acordo de 2019, levando à paralisação.
No ano passado, foram 79 cláusulas com direitos como vale-alimentação e transporte noturno, e nesse ano, a companhia apresentou proposta com apenas nove dispositivos de benefícios. “Estamos em greve porque a empresa está efetivando os descontos em relação à proposta dela, rebaixando o que a categoria tem direito. Já tivemos descontos esse mês em uma parcela significativa do vale-alimentação”, detalha o dirigente do sindicato da categoria em SC, Robson Rampon.
O movimento também se posiciona contra a ideia de privatização da estatal, reclamam do que chamam de “negligência com a saúde dos trabalhadores” na pandemia e pedem que direitos trabalhistas sejam garantidos. A Fentect diz que negocia desde julho com a empresa e foi surpreendida este mês com a revogação do acordo de 2019.
Em nota, os Correios informaram que já colocou em operação o “Plano de Continuidade de Negócios para minimizar os impactos à população. Medidas como o deslocamento de empregados administrativos para auxiliar na operação, remanejamento de veículos e a realização de mutirões estão sendo adotadas” e que a estatal visa “cuidar da sustentabilidade financeira”.
Rampon contrapõe a companhia postal: “Se a empresa está preocupada com a sustentabilidade e os prazos de entrega, se possui responsabilidade social, deveria estar investindo mais em concurso público que está desde 2011 sem realizar. Nós do sindicato fizemos várias denúncias sobre a precarização dos Correios desde falta do pessoal à distribuição alternada nas unidades, que estava gerando prejuízo aos prazos”, afirma.
Leia a nota completa dos Correios
A paralisação parcial dos empregados dos Correios, iniciada nesta segunda-feira (17) pelas representações sindicais da categoria, não afeta os serviços de atendimento da estatal.
Levantamento parcial, realizado na manhã desta terça-feira (18), mostra que 83% do efetivo total dos Correios no Brasil está trabalhando regularmente.
A empresa já colocou em prática seu Plano de Continuidade de Negócios para minimizar os impactos à população. Medidas como o deslocamento de empregados administrativos para auxiliar na operação, remanejamento de veículos e a realização de mutirões estão sendo adotadas.
Funcionamento – A rede de atendimento dos Correios está aberta em todo o país e os serviços, inclusive SEDEX e PAC, continuam sendo postados e entregues em todos os municípios.
Para mais informações, os clientes podem entrar em contato pelo telefone 0800 725 0100 ou pelo endereço https://apps2.correios.com.br/faleconosco/app/index.php
Negociação – Desde o início das negociações com as entidades sindicais, os Correios tiveram um objetivo primordial: cuidar da sustentabilidade financeira da empresa, a fim de retomar seu poder de investimento e sua estabilidade, para se proteger da crise financeira ocasionada pela pandemia.
Conforme amplamente divulgado, a diminuição de despesas prevista com as medidas de contenção em pauta é da ordem de R$ 600 milhões anuais. As reivindicações da Fentect, por sua vez, custariam aos cofres dos Correios quase R$ 1 bilhão no mesmo período – dez vezes o lucro obtido em 2019. Trata-se de uma proposta impossível de ser atendida.
Diversas comunicações inverídicas e descontextualizadas foram veiculadas, com o intuito apenas de provocar confusão nos empregados acerca dos termos da proposta. À empresa, coube trazer as reais informações ao seu efetivo: nenhum direito foi retirado, apenas foram adequados os benefícios que extrapolavam a CLT e outras legislações, de modo a alinhar a estatal ao que é praticado no mercado.
Os trabalhadores continuam tendo acesso ao benefício do Auxílio-creche, para dependentes com até 5 anos de idade. Os tíquetes refeição e alimentação também continuam sendo pagos, conforme previsto na legislação que rege o tema, sendo as quantidades adequadas aos dias úteis no mês, de acordo com a jornada de cada empregado: 22 tíquetes para quem trabalha de segunda a sexta-feira e 26 tíquetes para os empregados que trabalham inclusive aos sábados ou domingos.
Estão mantidos ainda – aos empregados das áreas de Distribuição/Coleta, Tratamento e Atendimento -, os respectivos adicionais.
Vale ressaltar que, dentre as medidas adotadas para proteger o efetivo durante a pandemia, a empresa redirecionou empregados classificados como grupo de risco para o trabalho remoto – bem como aqueles que coabitam com pessoas nessas condições –, sem qualquer perda salarial.
Respaldados por orientação da Secretaria de Coordenação e Governança das Empresas Estatais (SEST), bem como por diretrizes do Ministério da Economia, os Correios se veem obrigados a zelar pelo reequilíbrio do caixa financeiro da empresa. Em parte, isso significa repensar a concessão de benefícios que extrapolem a prática de mercado e a legislação vigente. Assim, a estatal persegue dois grandes objetivos: a sustentabilidade da empresa e a manutenção dos empregos de todos.
É importante lembrar que um movimento paredista agrava ainda mais a debilitada situação econômica da estatal. Diante deste cenário, a instituição confia no compromisso e responsabilidade de seus empregados com a sociedade e com o país, para trazer o mínimo de prejuízo possível para a população, especialmente neste momento de pandemia, em que a atuação dos Correios é ainda mais essencial para o Brasil.