Nos últimos meses vem crescendo o número de usuários do aplicativo de mensagens WhatsApp que se tornaram vítimas de clonagem. A usurpação do telefone ocorre em sua maioria para crimes de extorsão, quando o hacker se passa pela pessoa e pede dinheiro aos contatos.
Uma dessas pessoas é Rinalda Zago. A representante comercial da Rádio Mix Sul perdeu o aplicativo ao receber uma mensagem informando que tinha sido premiada com um jantar em um restaurante de Laguna – o perfil falso oferecia esses cupons para atrair as pessoas. “Achei que realmente era verdadeiro. Eu só precisava confirmar um código que me enviariam por mensagem de texto”, diz.
Ao enviar a sequência de números, sem perceber, Rinalda abriu uma brecha para que criminosos tivessem acesso ao seu código no aplicativo. “Por volta das 7h da manhã fui olhar o WhatsApp e simplesmente todos os meus contatos tinham sumido e a tela do app ficou como se eu tivesse que instalar novamente, achei estranho”, relembra. “Logo vi que eu tinha caído em um golpe e que meu Whats havia sido hackeado”, conclui.
Para alguém que utiliza o aplicativo todos os dias, a situação foi bem complicada. Mas o caso dela não é único. Recentemente, o telefone do prefeito de Pescaria Brava, Deyvisonn de Souza (MDB) e um dos número usados pela Redação do Portal Agora Laguna foram clonados.
Proteção
Não é muito difícil se manter seguro na internet. O técnico de informática Gustavo Helmut Gluch, ouvido pela reportagem do Portal, explica que existem muitas formas de se manter protegido, principalmente utilizando telefone celular, e para isso é importante prestar atenção em tudo que é recebido em aplicativos de mensagem ou correio eletrônico.
“Clonagens ocorrem por diversos motivos: acesso ao código de segurança recebido via SMS ou ligação, acesso ao e-mail do usuário enfim, várias formas , por isso o ideal é proteger tudo que for sua identidade digital, desde sua conta de e-mail até seu aplicativo de WhatsApp. As próprias empresas já oferecem estes recursos, porém os usuários fazem pouco caso deles e assim acabam caindo em golpe”, detalha.
Uma dica básica dada pelo profissional é que as pessoas mais leigas no assunto procurem instalar aplicativos de antivírus de empresas de confiança. “Celular seguro é fácil. O Android [sistema operacional] é baseado em Linux, um sistema de computador e que por si só já é bastante seguro – mais que Windows. Para manter uma boa estabilidade operacional, deve se atentar a não instalar aplicativos desconhecidos, muito menos abrir links ou e-mails que não conheça a fonte. É igual um computador”, reforça Gluch.
Os aplicativos têm estratégias de segurança, o próprio WhatsApp oferece a opção de os usuários reforçarem a proteção com a definição de um número pessoal de identificação (PIN, na sigla em inglês) e a verificação em duas etapas. “O mais sensato é antes de instalar qualquer app ler quais métodos de segurança a empresa oferece”.
Polícia Civil registra ocorrências
Só em 2020, cerca de 35 boletins de ocorrência foram registrados na Delegacia de Polícia Civil referentes à clonagem de WhatsApp. O delegado Willian Testoni, titular da delegacia, também sustenta a necessidade de os usuários tomarem cuidados quando navegarem na internet, a partir de celulares.
Como o alvo desse golpe não é só a pessoa dona do telefone, o policial alerta para que quem receba as mensagens suspeitas pedindo depósitos tenha cuidado. “É preciso que a pessoa tome cuidado e faça uma ligação para saber se a pessoa está precisando do dinheiro, mas o mais interessante é fazer contato pessoal. Isso pode evitar que seja feito uma transferência bancário para o golpista”, diz Testoni.
Falta de créditos
“Quase sempre a gente recebe pessoas apavoradas porque perderam o WhatsApp que foi clonado. Quando é um plano pós-pago na maioria das vezes a gente consegue recuperar, comenta o empresário Jorge Anastasiadis, representante da telefônica Oi em Laguna.
Ele porém alerta uma outra situação envolvendo a perda de acesso ao número e por consequência ao aplicativo. Isso acontece com as pessoas que não colocam créditos no telefone – o plano pré-pago. A ausência de recarga leva a operadora a colocar o telefone em “quarentena” e após 180 dias, o número é cancelado e volta a ficar disponível e qualquer pessoa pode adquiri-lo e usar como quiser. Inclusive em mensageiros. “Por isso é sempre bom dar uma recarga”, orienta Anastasiadis.