É pegar e levar: o gesto de carinho de uma professora com alma solidária

Todos os dias, Neusa Lopes, 77 anos, colhe algumas frutas em seu quintal, embala em sacos plásticos e pendura no muro de sua residência, na avenida João Pessoa, no bairro Magalhães. Ela não cobra nada por isso, e muitas vezes nem vê quem pegou os saquinhos. Mas sabe que fez o dia de alguém mais feliz.

Não é de hoje que ela colhe e distribui as frutas. E a variedade, diz Neusa, é grande: “No meu quintal tem muitas frutas, tenho carambolas, caquis, goiaba, araçá, pitanga e acerola”, comenta. Desde os tempos em que era professora, já fazia o gesto entre os colegas na escola. “Partilhar é muito bom”, afirma.

Depois de passagens por colégios tradicionais como o Almirante Lamego e o extinto Jerônimo Coelho, se aposentou profissionalmente há 25 anos, porém não parou. “Encontrei essa nova ‘profissão’, a de voluntária”, diz. Ela também faz parte da Rede Feminina de Combate ao Câncer e da Associação Mamãe Bebê – na entidade, costura roupas de inverno para doação a recém-nascidos.

Mãe de dois filhos (Klevys e Kleber), avó de cinco netos e bisavó de uma menina, Neusa tem uma alma solidária, e viu seu gesto se tornar público pelo sobrinho, o fotógrafo Elvis Palma que compartilhou a foto dela, no quintal, com as frutas. A imagem foi vista por muitas pessoas como uma gota de esperança em meio à tantas notícias desanimadoras. “Jamais esperava toda essa repercussão”, relata, surpresa.

“Costumo falar que são os pequenos gestos nesse momento que estamos passando que irão fazer a diferença lá na frente”, escreveu Palma, na legenda. A foto original publicada no domingo passado, 29, já teve mais de 1,5 mil curtidas, 200 compartilhamentos e 300 comentários. “Que gesto lindo de solidariedade, cada um fazendo um pouquinho seremos mais fortes”, comentou a internauta Lizi Correa, na postagem.

No dia seguinte à publicação da foto, Neusa estava novamente em seu quintal, com as frutas colhidas e os sacos plásticos para fazer as embalagens. O filho Klevys tem ajudado a mãe a preparar alguns dos pacotes. “Sou baixinha e não alcanço no muro, daí ele pendura para mim os saquinhos”, brinca.

Por telefone, quando conversou com o Portal, além de adiantar que preparava doce de goiaba, disse que continuaria muito tempo sendo voluntária, sempre com a mesma disposição. “Juntos somos mais fortes. Isso é uma gratidão à Deus”, conclui.

Foto: Elvis Palma/Agora Laguna

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