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Banhistas curtem praia no primeiro dia de quarentena e município estuda proibir acesso

Coronavírus

As temperaturas em Laguna nesta quinta-feira, 19, alcançaram a média de 33º C durante a tarde, segundo a Epagri/Ciram. Isso deixou o dia com uma cara de domingo de verão. E como na alta temporada, muitas pessoas aproveitaram para curtir a praia.

A cena de crianças brincando com a família, principalmente no Mar Grosso, chamou a atenção nas redes sociais. Tudo porque, com o decreto de situação de emergência em Santa Catarina, que entrou em vigor na quarta-feira, 18, a orientação tanto das autoridades sanitárias quanto do poder público é de que as pessoas fiquem em casa e evitem sair.

O período é considerado como uma quarentena, e serve para evitar que o novo coronavírus, causador da Covid-19, se propague no território catarinense. Ainda hoje, o governo informou que há 21 casos confirmados – mas o número pode subir, Imbituba revelou que mais um caso investigado na cidade deu positivo para contágio de coronavírus. Laguna atualmente, tem quatro pacientes sob observação, enquanto aguarda os laudos médicos.

A reportagem do Portal Agora Laguna percorreu a orla do Mar Grosso em dois momentos, por volta das 16h (veja vídeo) e às 18h30. À tarde, havia mais pessoas curtindo as águas da praia mais frequentada da cidade, incluindo crianças recém-nascidas. No fim do dia, o movimento era mais tranquilo. A equipe ouviu banhistas, que conversaram sob regime de anonimato.

“Nós estamos confinados em casa há alguns dias, inclusive trouxe minha neta e a filha de Florianópolis para cá. Tomamos a liberdade de dar um passeio na praia, pois a praia está deserta. Não tem aglomero de pessoas, não estamos em contato com eles e pretendemos continuar assim”, comenta um morador do Mar Grosso, que foi ao balneário com a família.

Uma turista de Chapecó, cidade do Oeste catarinense, que se programou para vir à Laguna, resolveu manter o passeio e garantiu que tem se cuidado. “A gente se programa o ano todo para vir e estamos aqui só a meia-hora. Tomamos os cuidados possíveis para evitar o contágio, sabe… A gente enlouquece se ficar só dentro de casa”, diz a chapecoense. Na cidade de origem da entrevistada, há nove casos suspeitos.

Até essa quinta-feira, 19, nenhum decreto estadual ou municipal impedia a ida à praia – o governador Carlos Moisés (PSL) assinou novo documento, que restringe a circulação de pessoas em parques e praias, que será publicado na sexta-feira, 20.

“Temos pesquisas que mostram que em locais onde essas medidas de restrição não foram feitas, o vírus se propagou muito mais rapidamente. Fazemos um apelo à população: só as medidas do Governo não adiantam se não contamos com a boa vontade das pessoas. Precisamos ter a parceria do público. Esse é um ato de responsabilidade para mitigarmos o efeito dessa pandemia”, alertou Moisés.

Apesar de não haver prova científica de que há disseminação do vírus pela água, infectologista alertaram que é importante que se mantenha a distância de ao menos um metro de cada grupo de banhistas. A recomendação, porém, é que mesmo sendo um local aberto e ao ar livre, seja evitado.

“Você terá que se expor indo ao mercado, à farmácia, ao trabalho. Temos que diminuir a chance de contágio, então ir à praia é mais um risco que colocamos a nós e a quem está ao nosso redor”, salientou o professor Daniel Santos Mansur, do Departamento de Microbiologia, Imunologia e Parasitologia da UFSC, em entrevista ao jornal Notícias do Dia.

Prefeitura estuda situação e pode decretar “fechamento” da praia

Algumas prefeituras municipais em Santa Catarina decretaram bloqueio ao acesso à praia como medida de prevenção, caso do município de Florianópolis, capital do estado. Em Laguna, o departamento jurídico da prefeitura municipal adiantou à reportagem do Agora Laguna que estuda uma forma de decretar legalmente o “fechamento” da praia.

“A gente tem que tomar cuidado e alertar a população para que fique em casa. As pessoas veem o dia bonito, o mar, o sol e acham que podem ir à praia, pensam que é fim de semana para ficar circulando. Não! Vamos ficar em casa para não atrapalhar as ações preventivas”, orienta o advogado Antônio dos Reis, procurador do município.

De acordo com ele, o corpo de advogados da prefeitura vêm construindo a melhor forma de se fazer isso, inclusive mantendo contato com órgãos de segurança. “Nossa população não entendeu o sentido da quarentena, que é para ficar em casa, e foram curtir a praia. A gente vai ter que enrijecer”, comenta.

Outra ideia é aplicar o modelo de barreira sanitária, como em Imbituba. Essa seria uma forma de restrição de acesso ao município, com a não autorização de entrada de pessoas que venham de cidades onde há casos crescentes de Covid-19 ou de visitantes que tenham sintomas característicos da doença.

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