Funcionários da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) aprovaram na noite de terça-feira, 10, a deflagração de greve a nível nacional. A decisão foi ratificada pelos sindicatos estaduais da categoria, incluindo Santa Catarina, onde há cerca de 400 unidades da estatal – incluindo centros de distribuição, agências postais e outros serviços.
Os servidores pararam os atendimentos para reivindicar reajuste salarial e melhoria de condições de trabalho. A questão vinha sendo discutida há meses entre representantes dos funcionários e a direção da empresa.
Ao Portal Agora Laguna, o diretor regional do Sindicato dos Trabalhadores na Empresa de Correios e Telégrafos e Similares de Santa Catarina (Sintect), em Criciúma, Samuel de Mattos, explicou que a paralisação acontece por causa de a categoria não ter conseguido chegar a um acordo sobre as condições pedidas à gestão da ECT.
“A empresa fez de tudo para que acontecesse a greve. Fez uma proposta de 0,8% de reajuste, ou seja nem 1%, muito abaixo da inflação. [Além] de retirar um monte de conquistas e benefícios dos trabalhadores e aumentar o plano de saúde”, detalha. Pela proposta, segundo o Sintect, os servidores iriam perder cerca de R$ 700 no salário.
A categoria iniciou a greve para mostrar, ainda, o descontentamento e a contrariedade à proposta anunciada pelo governo federal de privatizar a companhia estatal, fundada em 1969. Na visão do sindicato, essa proposta de retirada de direitos é uma das ações para facilitar a desestatização da empresa. “Estamos trabalhando em péssimas condições de trabalho […] Os Correios só não estão pior hoje, por que os trabalhadores têm conseguido manter”, lamenta Mattos.
Funcionamento normal
A reportagem do Portal Agora Laguna apurou nesta manhã que na agência de Laguna, o atendimento segue normal visto que até o momento, nenhum servidor aderiu ao movimento. Caso venha a acontecer adesões, dependendo do número de funcionários, os serviços podem ser afetados ou paralisados.
Em Pescaria Brava, a agência comunitária mantida com suporte da prefeitura local não deve sofrer alterações em seu atendimento. Na região, Braço do Norte e Criciúma são algumas das cidades que estão aderindo ao movimento de greve.
O Sintect deve fazer, a partir desta quarta, visitas às agências do Sul catarinense para conversar com os trabalhadores com objetivo de trazer mais adeptos à paralisação.
Posição dos Correios
Em nota divulgada à imprensa nesta quarta-feira, a ECT disse que participou de dez encontros de negociação com a federação que representa a categoria. “Foi apresentada a real situação econômica da estatal e propostas para o acordo dentro das condições possíveis, considerando o prejuízo acumulado na ordem de R$ 3 bilhões”, disse a empresa no texto.
Ainda conforme os Correios, as federações fizeram propostas insustentáveis que superariam o faturamento anual e seriam insustentáveis ao projeto deflagrado de reequilíbrio das finanças internas.
“O principal compromisso da direção dos Correios é conferir à sociedade uma empresa sustentável. Por isso, a estatal conta com os empregados no trabalho de recuperação financeira da empresa e no atendimento à população”, finaliza a nota oficial.