Construtora diz ter apontado falhas em projeto de pavimentação de rodovia em Ribeirão Pequeno

Uma das mais aguardadas obras no interior de Laguna, a pavimentação da rodovia municipal João Batista Wendhausen Moraes, que corta as comunidades de Bananal à Madre, no Distrito de Ribeirão Pequeno, tem problemas em seu projeto. A constatação é da empresa responsável pela execução do serviço em um dos trechos (Bananal à Ponta do Daniel), a Confer, de Criciúma, que diz aguardar as correções solicitadas para retomar os trabalhos.

A informação foi divulgada pelo portal de notícias 4Oito, de Criciúma, que entrevistou o advogado da construtora, Gustavo Valvassori Morona. “O projeto original para essa obra foi feito pela Amurel com a prefeitura de Laguna. Trata-se no entanto de uma rua estreita, com casas quase em cima da via. A engenharia percebeu, de pronto, que era inviável seguir o projeto original. Em alguns pontos, a pavimentação não atingiria a metragem nem seria dotada da drenagem do ponto de vista técnico. Era um projeto deficiente desde o início”, disse Morona ao site.

Os cerca de 4,8 quilômetros do trajeto que serão pavimentados foram divididos em duas empresas: a Confer executa o trecho de Bananal à Ponta do Daniel e a BCL Empreendimentos, da Ponta do Daniel ao Parobé. A parte sob responsabilidade da construtora criciumense é a que mais apresentou problemas com as chuvas do fim de maio, em que parte do asfalto cedeu.

“Percebemos também que entre os pontos em desacordo para obras havia alguns que seria necessário até deslocar imóveis para conseguir fazer a drenagem, e que no caminho há pedras que precisariam ser detonadas, outra situação que também não estava prevista no projeto original”, afirmou Morona, ao Portal 4oito.

Em resposta às dúvidas quanto à qualidade dos materiais utilizados na obra, Morona afirmou que a empreiteira fez uso de mão de obra especializada, assim como utilizou o que de melhor possuía em matéria-prima e equipamento. Sobre os danos causados pelas chuvas, o advogado aponta que o projeto não foi capaz de prever sistema de drenagem que comportasse a quantidade de água pluvial vista em 29 de maio.

A Confer, afirma Morona, fez notificações à prefeitura sobre as falhas de projeto mas não obteve retorno – a mais recente solicitação foi feita há duas semanas. A empresa foi procurada pela administração municipal para que executasse as correções necessárias onde a chuva provou danos. Na resposta ao requerimento da prefeitura, a construtora aproveitou para falar dos pontos em que julga ter havido erro de planejamento.

“A empresa não se opõe a corrigir, desde que a Amurel apresente projeto corrigido e a prefeitura assuma pagamento, pois como essa intervenção não está no projeto original, não temos isso orçado”, finaliza o advogado, na entrevista feita pelo 4oito.

Contraponto

A reportagem do Portal Agora Laguna procurou a administração municipal para obter posicionamentos sobre as falas do advogado da Confer, Gustavo Miranda. Responsável pela pasta de Planejamento Urbano e Desenvolvimento Econômico e Social, a secretária Silvânia Cappua Barbosa confirma que há falhas no projeto e que, assim como a licença ambiental, não previa a detonação de rochas e nem alargamento da via.

“Existiu, sim, um erro de projeto, porém a Confer executou na largura do leito existente e fez o levantamento topográfico as built [como construído, tradução literal]. Assim como houve erro de dimensionamento na questão da água da chuva, somente se previu a drenagem pluvial da via, mas não da captação de água que vem do morro”, detalha Silvânia. A gestora pontua que a partir do levantamento dos danos da chuva de 24 de maio, a entidade iniciou estudos para projetos de contenção e afins.

Sobre as falhas, a secretária afirma que a empresa tem conhecimento do “que teriam de executar na via”, pois é item obrigatório apresentar atestado de visita técnica ao local durante a licitação, assim como os projetos foram disponibilizados a todos os licitantes. Segundo Silvânia, todas as notificações foram respondidas e as partes envolvidas também receberam comunicações da prefeitura, em relação aos serviços executados.

A retomada dos serviços depende das correções da planta da pavimentação que estão sendo realizadas pela Amurel e do retorno do pagamento por parte do governo estadual.

Relembre: em maio, parte do asfalto cedeu durante chuvas