Funcionários do hospital entram em greve por tempo indeterminado

A grave situação financeira do Hospital de Caridade Senhor Bom Jesus dos Passos chegou nesta quinta-feira, 26, a um dos mais tensos capítulos com o início da greve de 90% dos funcionários da unidade por tempo indeterminado. Desde o meio-dia, os funcionários estão atendendo apenas urgências e emergências se houver risco iminente de morte (veja mais adiante).

Segundo a presidente do Sindicato da Saúde de Tubarão e Região (Sindisaúde), Denise de Matos Freitas, o término da greve só vai acontecer com a entrada de recursos em caixa que possibilitem o pagamento dos servidores. “Os funcionários chegaram no limite, suportaram e ajudaram até onde puderam, e decidiram pela greve até o pagamento voltar”, comenta.

A situação dos trabalhadores é crítica. Eles estão com uma parte do 13º em atraso do ano passado, além de 35% do salário do mês de julho e o salário integral de agosto. A expectativa é que com a entrada de recursos na próxima semana, os vencimentos de setembro sejam pagos na primeira semana de outubro.

A ideia da paralisação tomou força na sexta-feira, 20, quando os servidores convocaram assembleia geral para discutir o assunto. Segundo relatos feitos à reportagem do Portal Agora Laguna, o clima naquele dia era desolador na unidade. Sem se identificar, um funcionário comentou que um de seus colegas havia dito que esperava receber o pagamento para comprar alimentos para a família. “O que eu vou levar agora?”, teria questionado aos demais servidores.

Funcionários fizeram passeata na segunda-feira, 23, para reivindicar salários. Foto: Elvis Palma/Agora Laguna

Repasses devem ser feitos na próxima semana

Segundo a diretora-administrativa do hospital, Cheyenne de Andrade Leandro, a administração tentou sem sucesso conversar com o sindicato, na manhã desta quinta-feira, para que a greve não fosse deflagrada, mantendo os atendimentos.

Ela explica que a unidade trabalha com a possibilidade mais promissora de que nos próximos dias, o recurso de R$ 351 mil liberados em parcela única pelo governo estadual caia em caixa. Com isso, o pagamento dos salários de setembro poderá ser realizado normalmente.

“Estamos conversando com a Casa Civil e o Estado, pois eles estão trabalhando para montar os documentos e empenho para repassar os valores. Temos a esperança que nos primeiros dias da semana próxima esse recurso esteja caindo e a partir do dia 1º possamos estar fazendo o pagamento”, adianta a diretora administrativa Cheyenne de Andrade Leandro.

Há exatos um mês, o hospital de Laguna atende apenas urgências e emergências. A diminuição dos serviços provoca redução nos repasses mensais dos convênios SUS, feitos à unidade, que, são pagos conforme houver produção.

A casa hospitalar aguarda outro recurso que pode oxigenar a unidade e possibilitar o retorno às funções normais gradativamente. Liberada em 2018, uma emenda parlamentar do ex-deputado Jorge Boeira (PP) aguarda apenas trâmites burocráticos para ser depositada no cofre do hospital. A verba é destinada exclusivamente para a compra de insumos médicos.

“Não podemos deixar ninguém morrer”, frisa Denise de Matos Freitas. 

Como fica o atendimento

Antes da deflagração da paralisação, houve um prazo de estado de greve que durou 72h. O tempo é previsto por lei e serve para que a unidade hospitalar possa se adequar à situação, uma vez que o quadro funcional passa a ser inerte.

Com a greve, serão atendidos apenas os casos com risco iminente de morte, após triagem realizada por um enfermeiro no setor de emergência. “Vai ficar um profissional responsável para fazer essa triagem do paciente que chegar. Se for avaliado o risco ele vai ser atendido e se precisar de uma internação ou uma transferência, o hospital vai estar fazendo esse trâmite”, destaca Stefany da Silva Virgínia, funcionária da unidade e uma das organizadoras das manifestações.