O advogado Janor Lunardi, 61 anos, investigado por aplicar golpes em mais de 900 pessoas foi detido pela Polícia Civil na tarde desta sexta-feira, 23, no Balneário Piçarras, no norte do estado. Ele estava foragido desde julho de 2016, após a Justiça conceder pedido de prisão preventiva por crimes relacionados a ações revisionais de prestações de veículos. São cerca de 150 inquéritos policiais por crimes de estelionato e apropriação indébita.
O inquérito, na época, foi concluído pelo delegado Flávio Gorla, que já atuou em Laguna. Segundo ele, mais de 40 pessoas prestaram depoimentos contra o advogado, apenas na cidade. Em Santa Catarina, são mais de 600 boletins de ocorrência registrados. “Calculamos que ele tenha causado um prejuízo em torno de R$ 500 mil só em Laguna”, afirmou o delegado, em entrevista ao Portal G1 SC, ainda em 2016.
Estima-se que o prejuízo aplicado com os golpes gire em torno de R$ 5 milhões na região sul, quando, de acordo com as denúncias, o advogado pegava o dinheiro dos clientes para entrar com ações de revisão de contratos bancários e não dava andamento no processo.
Moradora do bairro Portinho, uma mulher de 49 anos, afirmou ao Portal Agora Laguna, que entrou com dois processos de revisional com Janor. Como acabou sendo investigado e abandonado a causa após ser dado como foragido, ela perdeu R$ 2.500.
De acordo com o Jornal Noticom, o presidente da OAB, Erivelton Filetti, falou sobre o caso: “Confirmada a prisão, a delegada regional entrou em contato conosco, mas este senhor já foi excluído dos quadros da OAB, portanto não faz mais jus as prerrogativas de advogado.
Aliás, a suspensão preventiva dele, a época, foi resultado de um pedido feito por nossa subseção. O que posteriormente resultou na sua exclusão. Ele foi suspenso preventivamente imediatamente após descobertos os referidos acontecimentos e excluído logo depois da tramitação de processo disciplinar.”
Como funcionava o crime
Pessoas com carros financiados procuravam o escritório do advogado para entrar com ação de revisional dos valores, visando baixar os valores dos juros das prestações e correções.
Ao cobrar um valor, em média de R$ 900,00 para abrir o processo, ele calculava as novas mensalidades sem os considerados juros abusivos. Os clientes pagavam diretamente para ele. Em alguns casos, de acordo com o delegado, o processo nem havia sido instaurado. Ele recebia as prestações, mas não repassava o dinheiro em juízo.