N.S.A, 71 anos, natural da região de Florianópolis, mas escolheu Laguna para viver há cerca de onze anos, quando fixou moradia no bairro Mato Alto. A família permaneceu na região da capital catarinense e ela ficou na terra de Anita, sendo assistida por cuidadoras nos últimos dias de vida. Após se queixar de algumas dores foi levada ao Hospital de Caridade Senhor Bom Jesus dos Passos, de Laguna, não resistiu e veio à óbito no último domingo, 06.
“E aí começa o drama, porque a gente tem que tomar a primeira medida que é buscar a família”, conta Jorge Luiz de Oliveira, assistente social do hospital. A casa hospitalar tentou todas as formas de contato com os familiares, mas esse processo foi dificultoso, pois a maioria das informações disponíveis ou eram inexistentes ou o parente se mostrou indiferente.
O serviço social do hospital ao mesmo tempo em que buscava uma solução junto aos entes da senhora, procurou uma forma de acondicionar o corpo junto ao Instituto Geral de Perícias (IGP). O órgão não pode fazer o recolhimento, pois a idosa possuía identificação e argumentou ainda que não tinha espaço em suas gavetas mortuárias. Setores da prefeitura também foram avisados sobre o fato.
Um irmão da senhora procurou o hospital no começo da semana para verificar a situação onde contou que a família não possuía recursos financeiros necessários para o transporte do corpo até a cidade onde eles moram. “Eles não tinham dinheiro e precisavam de um lugar para poder enterrar [o corpo], pelo que nos foi informado, tentaram contato com a prefeitura e com o poder judiciário, mas foi dito que não havia espaço para o sepultamento”, relata Cheyennne de Andrade, assistente administrativa do hospital de Laguna.
Jorge explica ainda que tentou registrar um boletim de ocorrência na Polícia Civil, sobre a situação, mas no momento em que estava na delegacia recebeu a informação de que a família havia conseguido contratara uma funerária para transladar o corpo para um cemitério. “Era o que esperávamos, não queríamos colocar essa pessoa ali no cemitério, de modo a que ninguém soubesse da existência dela”, afirma.
O corpo da idosa ficou armazenado no hospital por cerca de três dias em uma sala especial, porém, segundo Oliveira, esse espaço é de permanência temporária de no máximo seis horas, tempo médio em que as funerárias levam para buscar o corpo. N.S.A., foi removida do hospital na manhã desta quarta-feira, 09, e transladada para São José, onde será sepultada nas próximas horas.
Família comenta situação
A família, apesar do momento de luto, confirmou os problemas que impediram a resolução imediata da situação. N.S.A., segundo um sobrinho, havia se isolado nos últimos dos demais familiares desde que se mudara para Laguna e isso prejudicou o translado do corpo, que foi possível após a resolução de diversos trâmites burocráticos.
“Mesmo com as dificuldades que temos, ela é nossa tia, é do nosso sangue, sempre foi e será amada por todos nós”, comenta. O familiar destaca que a atuação do hospital foi fundamental para garantir que o problema fosse solucionado. “Ressaltamos que fomos bem atendidos pelo hospital, setor de enfermagem e social, o problema foi familiar e financeiro”, pontua.