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Lixo e abandono: a situação do campo do LEC, galpão de triagem e terreno, na Vila Vitória

Era pra ser apenas mais uma pauta normal: leitor entra em contato com a redação do Portal Agora Laguna, solicitando que nossa reportagem acompanhe novamente o problema do lixão que há anos virou rotina na Vila Vitória.

Só que no local observou-se uma realidade ainda mais difícil de aceitar e que deixa o ambiente ainda mais abandonado e com um visual horrível. A alguns passos da origem da reclamação, mais exatamente ao lado, os traços do desprezo e abandono do já famoso campo do Laguna Esporte Clube, ou simplesmente do LEC, ou ainda do Estádio Municipal João Batista Wendhausen de Moraes, construído em 1983.

E para piorar, um pouco mais a frente, o não menos desprezado galpão de triagem da comunidade, também sem ser concluído. A obra foi entregue em 2008 e deveria abrigar um sistema de triagem, para realização de coleta seletiva e inclusão social dos catadores de lixo de Laguna. Apenas deveria, pois até hoje não saiu do papel.

Conheça cada caso:

Lixão a céu aberto

Uma cena rotineira para quem passa pelo terreno ao lado do campo do LEC, é o vai e vem de pessoas e carroças que despejam todo tipo de lixo e restos de obras. O crime ambiental já foi flagrado pela Guarda Municipal. Nos poucos minutos que nossa equipe esteve no local, registramos carroças carregadas de entulhos, crianças e jovens com carrinhos de mão e caixas depositando no local, em plena luz do dia, todos os tipos de resíduos, como se fosse a coisa mais natural do mundo. São garrafas, pneus, móveis velhos e comidas estragadas. “O cheiro é insuportável”, reclama uma moradora.

Bem próximo ao lixão, está a creche da comunidade, além de residências e o comércio local.

Assista a live feita pela reportagem no local

O que dizem as autoridades:

Secretaria de Obras

Segundo o secretário da pasta, Renato de Oliveira, popularmente conhecido como ‘Checo’, “a prefeitura até limpa, mas a população insiste em colocar lixo ali. Além disso não temos destino final para depositar esse material .Estamos buscando uma maneira viável para encontrar esse local. Se retiramos dali, os órgãos ambientais e as ONGS querem saber para onde vão os caminhões com os resíduos”.

Segundo o gestor, o terreno pertence à prefeitura. “Já fizemos uma cerca no passado, mas acabaram roubando os mourões e os arames. Já foi sugerido a colocação de câmeras de monitoramento e que a Guarda Municipal se instalasse nos fundos do campo, para inibir a ação das pessoas que descarregam seus lixos ali”, comenta.

O prefeito Mauro Candemil disse: “Estamos sempre limpando, mas a comunidade não ajuda a fiscalizar e denunciar quem está depositando”.

Estádio Municipal João Batista Wendhausen de Moraes

Construído em 1983 e palco de grandes espetáculos esportivos, no auge do Laguna Esporte Clube, o estádio teve sua última reforma em 2004. De lá pra cá, o que restam são apenas lembranças e a história. Sem manutenção, passaram-se as gestões e os resultados estão nos registros feitos pelo fotógrafo Elvis Palma. O escritor Valmir Guedes, em seu blog, traz um pouco dessa história, desde a sua fundação, aos derradeiros momentos de desprezo e abandono do campo de futebol. Leia aqui.

Além de jogos, o estádio já abrigou shows nacionais e o canteiro de obras de uma empresa, responsável pela execução do sistema de esgotamento sanitário em boa parte da cidade. Hoje, o mato, as traves e um cavalo são os personagens no local.

O que dizem as autoridades:

A nossa equipe teve acesso ao projeto de revitalização do local. Orçado em R$ 1.360.110,25 ele contempla além da reforma da edificação, cobertura, demolições, instalações elétricas e hidrossanitárias, etc.“O projeto foi cadastrado, mas sem aprovação”, comenta Silvânia Cappua Barbosa.

“Apresentamos o projeto e orçamento  no Ministério dos Esportes, desde o início de nossa gestão, com interveniência presencial dos deputados federais Edinho Bez e Ronaldo Benedet, sem sucesso. Com recursos próprios não dispomos, devido a outras prioridades”, destaca o prefeito Mauro Candemil.

Galpão de Triagem

Bom seria ver todo o lixo depositado de forma irregular e criminosa no terreno citado na matéria, tendo um destino correto, além de servir de fonte de renda para os catadores de resíduos da cidade. Foi com essa intenção que foi construído em 2010, o Centro de Triagem.

Com recursos  na ordem de R$ 189.785,26 oriundos do Ministério das Cidades e contrapartida da Prefeitura, o espaço tem uma área de 350 metros quadrados. O objetivo era organizar uma cooperativa para selecionar e vender diretamente para as empresas, sem atravessadores, o material reciclado recolhido em Laguna. Ficou apenas na intenção. Uma reunião na época, chegou a ser feita para tratar do início da operação.

Em 2013 a obra foi paralisada, segundo a prefeitura, devido a rescisão do contrato com a empresa responsável por executar a construção. O município chegou a anunciar a assinatura da ordem de serviço para a continuidade dos trabalhos, mas nenhuma empresa participou. A verba federal para a compra dos equipamentos foi devolvida.

Hoje no local, o que se encontra, além de um outro cavalo, como no caso do campo do LEC, muito lixo, restos de roupas e pichações. Promessas de compra dos equipamentos foram feitas, como mostrou o Portal G1 em 2015, mas nada foi cumprido.

O que dizem as autoridades

De acordo com Silvânia, “quando assumimos tinha um contrato vigente com problemas no pagamento. Fiz uma auditoria e encaminhei para rescisão e cobrança. Ainda não obtivemos retorno da administração. Além disso, hoje aprovamos todos os projetos do galpão, que estavam pendentes como Casan, Corpo de Bombeiros, etc. Precisamos de recursos para conclusão da obra e para os equipamentos”, conclui.

“O projeto é interessante e importante. Temos situações à ajustar como quem recolhe e entrega, quem seleciona, quem dá o destino final de ordem legal. Ainda temos quase dois anos para viabilizarmos. Não dispomos de recursos para muita coisa ao mesmo tempo”, disse o prefeito.