Morte de botos no Sul de SC preocupa especialistas e põe espécie em risco

A morte de botos da espécie Tursiops truncatus, conhecida como boto-de-tainha, no Sul catarinense, aumentou em 2018 e começa a preocupar. Só em Laguna foram registradas nove mortes neste ano. Se continuar nesse ritmo, especialistas alertam que a espécie pode ser extinta em 20 anos.

Entre os botos mortos em 2018, três foram por causa de redes de pesca colocadas de forma irregular. Os outros seis não tiveram a causa da morte confirmada porque estavam em estado avançado de decomposição.

“O número que a gente consideraria razoável, digamos assim, de indivíduos que morrem por ano, no máximo de cinco indivíduos, seria 10% da população. Quando a gente atinge um número maior do que isso, ou seja, nove indivíduos já num ano, demonstra que algo está errado, que algo tem que ser melhor avaliado e que a gente precisa tomar algumas providências”, afirmou o coordenador do Projeto de Monitoramento de Praias, Pedro Castilho.

Só nesta semana, dois botos foram encontrados mortos. Um deles se afogou depois de se prender numa rede de pesca. Outro foi achado no mar. A mãe não se afastou do corpo do filhote e por isso os pesquisadores ainda não conseguiram fazer a necropsia para descobrir o que ocorreu.

Parte dos botos morre porque há pescadores que continuam colocando a rede de pesca de emalhe no rio Tubarão. Isso foi proibido neste ano depois da aprovação de uma lei municipal em Laguna. A pena para quem descumprir varia de um a três anos de prisão, ou pagamento de multa no valor de R$ 700 a R$ 500 mil. Mas a polícia confirma que a fiscalização não é feita como deveria.

“Nós atendemos as ocorrências dentro da medida do possível. A demanda é muito grande. Não cuidamos aqui só do ambiente aquático, temos várias ocorrências de várias situações e o nosso efetivo é um pouco reduzido”, afirmou o sargento da Polícia Militar Ambiental Robson Vieira.

Foto: Elvis Palma/Agora Laguna

Botos pescadores

Os botos são considerados muito importantes para o turismo e economia da região. Tanto que em 2016 o presidente Michel Temer (MDB) sancionou uma lei que tornou Laguna a capital nacional dos botos pescadores.

Atualmente, cerca de 50 botos vivem na região de Laguna e 37 deles ajudam os pescadores. Os animais ‘avisam’ quando os peixes estão chegando. Essa “parceria” já chegou a ser objeto de estudo de pesquisadores de universidades do estado.

A inusitada relação entre os pescadores e os animais consiste em os botos agruparem o cardume com movimentos circulares. Depois, empurram os peixes contra os barcos e, por fim, executam um movimento acima da superfície, que serve de sinal para os pescadores.

Este comportamento é uma espécie de gatilho para o lançamento das tarrafas, que são lançadas simultaneamente, cobrindo o espaço entre os botos e os pescadores.

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